quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Entrevista a Diogo Sepúlveda num balanço da temporada 2009


Na continuação das entrevistas que temos vindo a fazer nesta época de defeso a alguns Cabos fomos ao encontro de Diogo Sepúlveda, Cabo do mais antigo Grupo nacional, o Grupo de Forcados Amadores de Santarém.

Tauromania (T) - Diogo, chegados ao final da temporada qual o balanço geral que fazes da época do Grupo de Santarém?

Diogo Sepúlveda (DS) - A época de 2009 foi uma época muito boa para o Grupo de Santarém. Não foi uma época de muitas corridas (21) mas com muitas corridas de qualidade. O grupo está a atravessar um momento de regenaração onde forcados mais novos começam a despontar. Graças a Deus esta mudança está a ser muito boa, com forcados novos muito bons e a época de 2009 é uma confirmação disto mesmo.



T - Quais foram os momentos que destacarias?

DS - Creio que a corrida dos 7 Graves em Santarém, as duas corridas do Campo Pequeno, a corrida real em Évora, a corrida da Chamusca e a corrida em Montemor, foram os grandes momentos do Grupo durante a época de 2009. Foram corridas onde o grupo mostrou muita coesão e com forcados novos a brilharem.
A despedida do Pedro Cabral e do Miguel Navalhinhas são, sem dúvida, o outro grande momento da temporada. O Miguel e o Pedro são um exemplo de Homens e serão um grande exemplo como Forcados para todos nós.



T – Foi notório o aparecimento de alguns forcados novos a pegarem em praças importantes. Quais as dificuldades destas fases de transição que os Grupos ciclicamente passam?

DS - Conforme disse anteriormente, esta transição está a ser feita com muita facilidade. Este foi um ano de confirmação para muitos forcados novos, em especial do João Vaz Freire, do João Brito, do Bernardo Sá Nogueira e do Francisco Lorga. A interacção dos forcados mais velhos com os mais novos, no seio do grupo, é muito grande, o que facilita a passagem de todos os valores e principios de geração em geração. Quanto à prática, esta vem com o tempo e com a rodagem.



T - Tu além de forcado és um grande aficionado e nisso incluis também o toureio a pé. Existe da tua parte a preocupação de que os teus forcados andem em praça com a mesma classe dos toureiros artistas? Ou a pega é acima de tudo o concretizar do objectivo de parar o toiro estando o forcado da cara na cara do toiro?

DS - Eu sou um apaixonado pelo toureio a pé e creio que o fundamento da pega, em tudo se assemelha ao toureio a pé. Para além da postura de toureiro que penso que um forcado tem de ter, o toureio a pé dá-nos um conhecimento mais produndo do toiro, nomeadamente os seus terrenos e o "mandar". Normalmente, costumo dizer aos mais novos:" sejam amigos, muito aficionados ao toureio a pé e humildes."



T - Em termos estatísticos tens alguns dados que nos possas dar?

DS - Nº de corridas: 21
Nº de toiros pegados: 73
Nº geral de tentativas: 119

Os 5 forcados que pegaram mais toiros e quantos pegaram:
António Jesus e João Vaz Freire: 8
Gonçalo Veloso: 7
Diogo Sepúlveda e João Brito: 6

Os 5 primeiros ajudas que deram mais primeiras e quantas deram:
Lopo Lopo de Carvalho: 12
Miguel Navalhinhas, Pedro Cabral, Bernardo Sá Nogueira e Francisco Lorga.



T - Como analisas o momento geral da tauromaquia em Portugal?
DS - Creio que a tauromaquia está a atravessar um grande moemento. Os números falam por si: as praças cheias e com público cada vez mais jovem, bilhetes cada vez mais baratos, cavaleiros novos a surgirem cada vez mais, mais grupos de forcados... No entanto, e apesar destes factores positivos, é importante que a qualidade artística não seja posta de lado e apenas olhemos para os números.



T - Existem actualmente mais de 40 Grupos de Forcados. O que achas desta realidade, é positivo ou negativo?

DS - Creio que este aumento do número de grupos de forcados não está a ser positivo para a imagem do forcado. Infelizmente assistem-se, com muita frequência, a actuções muito tristes, fruto da falta de bases e postura de cada grupo. Muitos destes grupos novos nascem de discóridas e de zangas e não têm qualquer fundamento em existirem.
O critério não tem de ser o número de grupos, mas sim a qualidade dos mesmos.



T - O Campo Pequeno afirma que irá realizar 1 ou no máximo 2 corridas em cada temporada em que um só Grupo de Forcados pegue os 6 toiros. O GFAS é candidato a uma dessas posições na temporada 2010?

DS - O Grupo de Santarém está disponivel para pegar 6 toiros em qualquer praça. Preferia pegar 10 corridas de 6 toiros do que 20 corridas de 3 toiros.



T - Como vês o papel da ANGF na Defesa dos Forcados e da Festa? O teu Grupo tem tido um papel activo na associação?

DS - A ANGF tem tido um papel muito importante na Defesa dos Forcados e da Festa, mas penso que há muito por fazer, nomeadamente as banderilhas à espanhola, acabar com os estribos de pedra e muitos outros aspectos. Mas penso que os primeiros pasos e mais dificeis já foram dados. Para que a ANGF continue e possa defender cada vez mais a imagem dos forcados, é importante que todos os grupos respeitam e dignifiquem todos os compromissos aos quais aceitaram quando entraram para a associação.



T - A internet é hoje uma realidade na vida das pessoas. Mas na Festa ainda parece um pouco afastada. Como vês o papel da net no futuro da Festa? E como é que o teu Grupo a utiliza actualmente?

DS - Sem dúvida que a internet é muito importante nos nossos dias. Infelizmete, no que diz respeito ao mudo da festa, a internet ainda está muito afastada, mas penso que num futuro próximo ganhará maior dimensão e contribuirá para uma maior promoção e divulgação da festa.
A internet tem sido bastante útil no Grupo de Santarém porque através dela podemos chegar a todas as pessoas que pelo Grupo passaram, a todos os nossos amigos e a todos aficionados em geral. Actualmente, somos 4 pessoas que actualizamos o site e que tentamos que este seja o mais interactivo e actualizado possível. Não é tarefa fácil porque requer muito tempo, mas quem corre por gosto...

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