quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

T.T. Aeminium entregou troféus


Ali, ao lado de cá do rio Mondego, bem junto ao emblemático Portugal dos Pequeninos, decorreu a primeira cerimónia de entrega de troféus da recente formada Tertúlia Tauromáquica Aeminium (antigo nome da cidade de Coimbra).

Foi no sábado dia 12 que se falou de tauromaquia num convívio bastante animado entre gentes da Festa.

Decorreu a entrega de Troféus da referida tertúlia que distinguiu a D.Manuela da Silva, família Moura (representada por Abel Correia), Manuel Gonçalves (representado por João Dinis), Jornal Farpas (representado por Solange Pinto), Francisco Costa, Marco Gomes, GFA de Vila Franca de Xira (representado por Ricardo Patusco) e João Pedro Bolota (representado por Luís Pombeiro).

Esta novel Tertúlia, além de valorosos ex-forcados conta com muitos aficionados de prestígio.

Neste evento “abriu praça” o Presidente José Maria Portela que num discurso pleno de sentimento salientou a importância da Tauromaquia para a defesa do interesse cultural da Nação.

Como “primeira ajuda” João Cortesão, saudou os presentes, emocionou-se e falou do que gosta – o espectáculo tauromáquico.

Também nesta noite a rapaziada da jaqueta azul (GFESAC), que é cabo Jaime Cortesão, fez a sua entrega de troféus relativos à temporada que agora findou.

Em seguida transcreve-se na integra o discurso de José Maria Portela, para ler… e reflectir. Olé!!!

"Ex.mas Senhoras e Senhores

Em nome da Tertúlia Tauromáquica Aeminium, gostaria de cumprimentar todos os presentes e dar as boas vindas aos galardoados, agradecendo-lhes o facto de se juntarem a nós neste saudável encontro onde se fundem o 1º Capitulo desta jovem Tertúlia e o jantar de Natal do Grupo de Forcados da Escola Superior Agrária de Coimbra, que completa este ano 48 anos de existência, envergando a velhinha jaqueta azul, que teima em existir.

Embora académico, este grupo de forcados conimbricense traz às costas a enorme responsabilidade de garantir a continuidade da Garraiada da Queima das Fitas, importante evento não só para a Academia, como também para o futuro da nossa Festa, visto tratar-se da maior concentração de estudantes não aficionados, futuros decisores do amanhã.

Longe vão os tempos em que existiu nesta cidade, mais propriamente na freguesia da Santa Clara, uma imponente praça de toiros, palco de grandiosas tardes, por onde passaram várias figuras do toureio do início do século passado.

Desde então, até aos dias de hoje, perduram na Região Centro do País bons espectáculos em arenas como Figueira da Foz, Abiul ou Aldeia da Ponte, sem nunca esquecer as centenas de festejos populares taurinos, desde as garraiadas à vara larga do Baixo Mondego às Capeias Arraianas com o secular Forcão.

Em termos de efectivo animal, o Baixo Mondego acolhe actualmente uma Ganadaria inscrita, bem como perto de uma centena de vacas bravas, propriedade de uma dúzia de agricultores que insiste, orgulhosamente, em conservar o passado.

Relativamente ao rejuvenescimento da aficcion local, hoje colhem-se os frutos de diversas iniciativas temáticas levadas a cabo desde o início dos anos 90 pelo grupo de forcados académicos e pelos seus impulsionadores de então.

Seria injusto desperdiçar o momento e não homenagear os inúmeros forcados amadores que esta cidade gerou ao longo dos tempos e que, através do seu valor, prestigiaram grupos como Santarém, Lisboa, Moita, Évora, Portalegre, Vila Franca, Tomar, Ribatejo, Coimbra, Póvoa de São Miguel, entre muitos outros não inferiores.

Note-se, que apesar de se terem fardado em grupos distintos, quase todos partilharam de um denominador comum – iniciaram-se no Grupo de Forcados da Escola Agrária de Coimbra.

Quanto à Tertúlia Tauromáquica AEMINIUM, esta não é mais do que a agregação de um grupo de amigos aficionados da região centro em algo concreto do ponto de vista organizativo, na esperança de revigorar a aficcion local, pois só assim será possível demonstrar que prezamos a nossa cultura e os nossos valores, àqueles que se declaram coveiros da nossa Festa, como se fossem donos do tempo e do espaço em que ambos nos inserimos.

Actualmente, somos cada vez mais confrontados com situações que só contribuem para escurecer as cores vivas da nossa Festa, sem que se verifique uma tomada de posição válida em prol da Tauromaquia em Portugal.

Desde o veto aos toiros por parte de Câmaras Municipais, à tentativa de boicote de corridas televisionadas, passando pelo consecutivo incumprimento do regulamento taurino, aos infelizes debates televisivos, onde prestigiados artistas não sabem justificar com palavras as linhas da sua arte, algo nos diz que caminhamos para uma grande encruzilhada.

Grande parte dos intervenientes da Festa despreza de forma continuada estes avisos, e insiste em permanecer fechado no seu “mundillo” julgando que jamais alguém poderá por fim a séculos de história.

Pois, enganam-se os que assim pensam.

Por um lado, caminhamos a passos largos para uma era política onde as questões sociais e ambientais são das matérias mais escutadas e debatidas pelas sociedades modernas europeias.

Por outro lado, e não esquecendo os inúmeros benefícios que a União Europeia trouxe para Portugal, contamos hoje com um país muito menos independente do que há 20 anos atrás, pois foram-lhe sucessivamente limitados, ou mesmo eliminados, muitos dos poderes de decisão que controlava.

O bens alimentares são cada vez mais importados e especulados, a energia consumida é basicamente estrangeira, o plano económico é controlado pela União Europeia, os aspectos cambiais são dominados pela Zona Euro, a Defesa nacional é assegurada pela NATO, o regime de circulação de pessoas é regulado pelo espaço Shengen, quem define a cooperação entre países de língua portuguesa é a CPLP, quem orienta o rumo das taxas de juro é o Banco Central Europeu, até as emissões de carbono já estão reguladas em mercado próprio.

E eis a questão: E quem regula o estatuto de um animal enquanto interveniente indispensável na produção alimentar, no desporto, na cinegética, no lazer ou mesmo na arte?

Nos próximos anos, a opinião pública alavancada no contexto europeu, vai amplificar, certamente, os duros ataques exprimidos pelo Observatório Europeu para os direitos dos animais.

E é, cada vez mais, no seio da Europa que se concentra o fulcro das mais diversas tomadas de decisão, sejam elas do foro económico, jurídico, fiscal, social e mesmo ambiental.

Posto isto, é de fácil compreensão que o velho argumento das centenas de milhares de bilhetes vendidos nas nossas praças, pouco ou nada pese comparativamente com as centenas de milhões de europeus que, embora glorifiquem aficionados como Hemingway, Picasso ou Garcia Lorca, nunca irão compreender a razão do nosso espectáculo.

A título de exemplo, a Comunidade de Valência pôs, em Novembro passado, em discussão um diploma legal que visa proibir diversos géneros de largadas de toiros a aplicar já durante as próximas Fallas de Valência.

Também, recentemente, todos tivemos conhecimento da forma descarada como se preparou a armadilha jurídica para retirar, lenta e progressivamente, aos circos qualquer espécie animal de interesse maior.

Neste ultimo caso, a facção dos toiros assistiu impávida e serena, não fosse o fogo pegar-se-lhe às calças!

Por fim, e porque o que se segue é de festa, estamos convictos que o futuro passa pela consonância dos diversos agentes ligados aos animais, sejam eles produtivos, lúdicos, desportivos ou artísticos, cabendo a cada interveniente saber defender, coerentemente, os seus ideais, tal como nós nos encontramos, aqui hoje, a dignificar quem, em nosso entender, se destacou ao dar o seu melhor contributo e empenho a esta Causa que a todos nos une."

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