quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Crónica do Concurso de Ganadarias da Arruda

- Praça de Toiros: José Marques Simões, em Arruda dos vinhos
- Data: 17 de Agosto de 2010, pelas 22.00 horas
- Empresa: Tertúlia “O Piriquita”
- Ganadarias: Pinto Barreiros, Vinhas, Conde de Cabral, António Charrua, Ruy Gonçalves e Herdade de Pégoras
- Cavaleiros: António Telles, Luís Rouxinol e Marcos Bastinhas
- Grupo de Forcados: Forcados Amadores de Santarém e Montemor, capitaneados por Diogo Sepúlveda e José Maria Cortes, respectivamente.
- Assistência: ¾ de casa
- Delegados da IGAC:
Delegado técnico tauromáquico sr. António dos Santos, assessorado pelo médico veterinário Dr. Jorge Moreira da Silva.


Com organização a cargo da empresa Sociedade do Campo Pequeno, S.A., em conjunto com a dinâmica tertúlia “O Piriquita”, realizou-se mais um concurso de ganadarias em Arruda dos Vinhos, por ocasião das festas em Honra de Nª Sra. da Salvação. Cartel aliciante, constituído por duas das máximas figuras do toureio equestre português e um jovem à procura de afirmação. Para as pegas dois eternos e antigos rivais na arte de pegar toiros, em acesa, mas saudável competição.

Quanto aos toiros – talvez porque apenas disputassem o prémio bravura – eram díspares em apresentação e trapio. O exemplar vindo da ganadaria de Pinto Barreiros, com quatro anos e 480 Kg, era pequeno e sem trapio, com pouca força e impróprio para um qualquer concurso de ganadarias. Em termos de comportamento, teve mobilidade e colaborou na lide. A ganadaria Vinhas enviou um toiro também com quatro anos de idade, acusando na balança 530 Kg, com boa apresentação e que se mostrou reservado e de investidas suaves e sem apertar. O toiro de Conde Cabral, com quatro anos e 500 Kg, era de mau tipo, com a córnea muito fechada, um pouco escorrido de carnes e saiu manso encastado, a investir aos arreões, mas servindo para a lide. António Charrua levou um toiro com quatro anos e 620 Kg, de excelente apresentação e com trapio a condizer, mas que se revelou manso, a procurar tábuas, muito reservado e a esperar pelo cavaleiro. O toiro da Ganadaria do Engº Ruy Gonçalves, ferrado com o algarismo 5 na espádua direita e com o peso de 580 Kg, tinha excelente apresentação e trapio, doía-se ao castigo, era reservado e tapava-se no momento da cravagem dos ferros, adiantando-se muito às montadas. O último da noite, da Herdade de Pégoras, ferrado com o 5 na espádua e com 490 Kg, mostrou-se colaborante, com mobilidade, servindo bem para a lide. No final, o júri, constituído pelos próprios ganaderos, apesar da falta de bravura, atribuiu o prémio de toiro mais bravo ao exemplar da ganadaria de Pégoras, prémio contestado por grande parte do público.

António Ribeiro Telles
esteve uma vez mais ao seu nível. No primeiro da noite, um toiro com pouca força e que não colaborava nas reuniões, deixou ferragem comprida algo traseira. Apenas o terceiro comprido resultou correcto em termos de colocação. Nos curtos, em sortes frontais e ao estribo, deixou quatro ferros de boa nota, sendo que o seu oponente não dava para mais. Já no segundo do seu lote, o mais pesado da corrida e um manso difícil de lidar, a lide do cavaleiro da Torrinha teve momentos de grande emoção, daqueles de fazer levantar as bancadas. Não foi, no entanto, nos compridos que tal aconteceu, com o primeiro a ser colocado às meia volta, sem citar e a cair, rectificando de imediato com a colocação de mais dois ferros de execução e colocação correctas. Nos curtos, com o toiro a fugir ao cavalo, negando-se a investir, o cavaleiro, sem qualquer intervenção dos seus subalternos, teve um trabalho de brega notável, indo buscar o toiro a tábuas, deixando-o em sorte e cravando de alto a baixo e ao estribo, com o toiro quase sempre a sair por cima da garupa do cavalo, em reuniões bem ajustadas e emocionantes. Quando o toiro já não saía de tábuas, optou por sortes sesgadas, mas de igual qualidade. Nota bem alta para os primeiro e quarto ferros, este em sorte a sesgo com reunião emocionante. No final da lide sofreu um forte toque na montada, depois de o toiro sair solto de tábuas, procurando fugir e apanhando o cavaleiro desprevenido, no momento em que se preparava para cravar.

Luís Rouxinol teve uma primeira lide de bom nível. Sempre de frente para o toiro na hora de cravar, deixou ferros em reuniões cingidas e como mandam as regras do toureio a cavalo à portuguesa, pese embora o toiro não emprestasse a emoção necessária nesses momentos. Rematou com vistosas piruetas na cara do toiro, sempre muito aplaudidas. Finalizou com um violino, um palmo a sesgo e um par de bandarilhas já sem toiro, o que o obrigou a duas passagens em falso antes de cravar. O quinto da noite, um toiro bem mais complicado, não permitiu ao cavaleiro de Pegões repetir o êxito que alcançou no seu primeiro. Optando por cravar com ligeira batida ao piton contrário, o toiro faltava debaixo do braço no momento de cravar, fruto do engano pronunciado. Rectificou, partindo de forma mais recta para o toiro, mas este adiantava-se e tocava na montada. Para levar os seus intentos por diante, teve que abrir o quarteio mais cedo para, assim cravar em sortes limpas e com correcção.

Marcos Bastinhas, ao lado de duas grandes figuras, não conseguiu estar ao seu melhor nível. Sempre a conduzir as montadas com as duas mãos nas rédeas, foi deixando ferros em viagens lateralizadas, com o quarteio muito aberto e algumas vezes já bem para lá do estribo. Nos ferros compridos da sua segunda lide andou bastante desacertado, com ferros a caírem e a falhar o toiro. No final da sua primeira actuação deixou um ferro curto e um de palmo em sortes de violino que foram muito aplaudidos pelo público.

Pelo Grupo de Forcados Amadores de Santarém abriu a noite Luís Sepúlveda, que citou com muita correcção, a andar bem para o toiro, mostrando-se e reuniu de forma correcta, para uma boa pega, bem ajudado pelo grupo e com o toiro a não complicar. Para a pega do terceiro da noite saiu João Brito, que aguentou bem o toiro e consumou uma muito boa pega à barbela, com o grupo mostrar coesão nas ajudas. A última pega do grupo foi executada por Manuel Roque Lopes, à 4ª tentativa, com o grupo em cima, sendo que na primeira saiu após o primeiro derrote do toiro, na segunda precipitou-se no cite e não recebeu da melhor forma, não conseguindo reunir e na terceira, com as ajudas mais carregadas não conseguiu agarrar-se. No final, num gesto de grande dignidade, não saiu para a volta, apesar da insistência do público, o que é de louvar.

O Grupo de Forcados Amadores de Montemor teve uma boa actuação, com três pegas ao primeiro intento. Para pegar o segundo toiro da noite saltou tábuas Frederico Caldeira, que citou com correcção, reuniu com impacto, fruto de não ter recuado com o toiro, aguentou bem os primeiros derrotes e consumou uma boa pega, com o grupo a ajudar bem. Filipe Mendes foi o escolhido para pegar o quarto da ordem, um toiro sério e difícil, que arrancou com muita pata mal avistou o forcado, que reúne bem, viaja até às tábuas, com entrada providencial do primeiro ajuda, aguenta fortes derrotes sozinho na cara do toiro, que foge ao grupo, que recupera bem, consumando uma grande pega já nos médios. No final duas voltas à praça merecidas, a primeira acompanhado do cavaleiro e do primeiro ajuda Hugo Melo. Para pegar o último toiro da corrida saiu António Vacas de Carvalho, que citou muito bem e, apesar de não reunir da melhor forma, consumou uma boa pega, sem que o toiro complicasse e bem ajudado pelo grupo.


O Mais e o Menos

+ O bom ritmo em que decorreu o espectáculo.
+ A proibição de entrada de público no decurso das lides.

- Nada a registar.

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