terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mourão: Temporada 2010 com estreia auspiciosa


Como manda a tradição a temporada 2010 iniciou-se na bonita e castiça praça de toiros de Mourão, temporada que se espera melhorias no que há para melhorar e que os agentes com responsabilidades na Festa tragam Seriedade e Verdade à mesma, e assim não tenho dúvidas que voltaremos a assistir a grandes espectáculos com grandes entradas de público.

Tarde de sol esplendoroso no inicio do festejo e acentuado arrefecimento à medida que o mesmo ía decorrendo, e também como já vem sendo hábito, “Praça Cheia”. Nas bancadas, junto do público anónimo, era notória a presença de muita gente ligada ao mundo dos toiros, (ganadeiros, toureiros,empresários) e visível satisfação no rosto de todos, por estarem de volta a um espectáculo que tanto gostam.

Abriu o Festival o cavaleiro LUIS ROUXINOL que lidou um bonito e bem apresentado novilho de Dias Coutinho, que proporcionou ao ginete de Pegões, uma boa actuação. Com a ferragem comprida, deixou três boas tiras, antecedidas de boa brega e correctamente rematadas.Rouxinol ( líder do escalafon 2009 com 51 actuações) estreou na ferragem curta, uma nova montada, o “Zézito”, ferro Lima Duarte, com o qual cravou dois bons ferros, um deles entrando bem de frente e cravando no alto; boas indicações deixadas por este novo cavalo que poderá vir a ser craque na quadra. A lide continuou em tom elevado, e com outra montada sucederam-se ferros de violino, de palmo e o inevitável par de bandarilhas,sempre pedido pelos tendidos.

GILBERTO FILIPE viu sair dos curros, com o corno esquerdo partido pela cepa e consequentemente desembolado do corno direito, o novilho que lhe tinha tocado em sorte, o mais pesado, sério e com mais trapio da tarde, da ganadaria de Santa Maria, daí a sua substituição pelo sobrero da ganadaria de Dias Coutinho, um bonito exemplar e que teve bom comportamento. Foi uma actuação muito correcta, a que assistimos, com dois bons ferros compridos e depois a quarteio e com batida ao piton contrário ferros curtos de boa nota, sempre com brega acertada e evidenciando o bom oficio que possui,esperando e fazendo votos que esta temporada seja a da afirmação definitiva deste cavaleiro.

MARCELO MENDES um dos triunfadores da temporada passada na sua categoria( praticante), não teve sorte com o exemplar que lidou na arena de Mourão; era um novilho da ganadaria Grave, manso, complicado e com sentido, que criou grandes dificuldades ao jovem cavaleiro. Logo de inicio não se despegava da montada e apenas a espaços os bandarilheiros lhe conseguiam cortar a investida, resultando daí ferragem comprida descomposta.Com os curtos Marcelo consentiu bastantes toques na montada e a ferragem ficou descaída, conseguindo o melhor da sua actuacão na cravagem do primeiro de dois ferros de violino, com que brindou o público presente, que como é habitual nestas circunstâncias, estava dividido entre as palmas e os assobios.

A parte apeada deste festejo não teve o brilhantismo que se esperava, muito por culpa dos hastados lidados. NUNO VELASQUEZ, lidou um novilho com divisa azul e amarela da ganadaria Grave, bem apresentado, mas que não revelou condições para o matador moitense triunfar.Com o capote ainda vimos lancear à verónica, mas depois de bandarilhado e já no tércio de muleta as coisas complicaram-se, pois o novilho não humilhava e apenas derechazos soltos saíram da muleta de Velazquez; pela esquerda, tentou o matador luzimento, mas o toiro mirava constantemente o seu opositor e não tinha qualquer recorrido.

Da extremadura espanhol veio o jovem matador cacereño JAIRO MIGUEL, que lidou também um novilho proveniente da Herdade da Galeana(ganadaria Grave), e que também não serviu para o toureiro espanhol mostrar os bons atributos que lhe dá a critica taurina espanhola. De capote nada pôde fazer, dado que o novilho saiu solto e nunca se empregou. Iniciou a faena de muleta com passes por baixo, dobrando-se muito bem e trazendo o novilho até ao centro do ruedo, onde depois começou a tourear por derechazos, com o toiro a investir a meia-altura, e não humilhando, fugindo da pelea, o que levou o diestro a abreviar a sua actuação.

JOÃO AUGUSTO MOURA lidou o sexto e último novilho da tarde, um exemplar da ganadaria de Dias Coutinho, que cumpriu e permitiu ao jovem novilheiro uma boa faena, numa altura em que o frio já era intenso e alguns espectadores já abandonavam os seus lugares. Foi essencialmente com a muleta que se assistiu a bom toureio, dado que com o capote nada de assinalável ocorreu.Começou o último tércio, trazendo por derechazos o novilho até ao centro, onde aí desenrolou séries em redondo, bem rematados e naturais de mão baixa, com o seu opositor a mostrar nobreza e a humilhar. O público gostava do que via e muitas palmas vinham das bancadas.Continuou toureando a gosto e com perfeito domínio do seu opositor, desenhando por isso bons circulares invertidos, acompanhados de desplantes toureiros, fechando da melhor maneira este primeiro festejo oficial de 2010.

O GRUPO DE FORCADOS AMADORES DE S.MANÇOS , que esta temporada comemoram 45 anos de existência, pegaram os três novilhos da lide a cavalo. NUNO PITÉU efectuou uma pega correcta à 1ª tentativa, citando muito bem, carregando a sorte e mandando na investida, para depois à córnea se fechar correctamente de braços e pernas e consumar com facilidade a pega. MANUEL VIEIRA apenas consumou a sua pega à 2ª tentativa, fechando-se à barbela, depois de longo tempo para colocação do toiro no terreno certo, sendo desfeiteado na 1ª tentativa por alguma falta de coesão das ajudas. Finalmente RUI PELADO pegou sem dificuldades, à barbela o último toiro do grupo, deixando aos presentes uma imagem bastante positiva do grupo e a esperança numa boa temporada.

Dirigiu o Festival o antigo matador Sr. ANTÓNIO DOS SANTOS, assessorado pelo médico-veterinário Dr. JOÂO INFANTE.

Como nota final e porque é de inteira justiça, salientar o excelente estado da praça de Mourão, sempre pintada e com melhoramentos que a tornam mais funcional, como foi o caso das novas instalações sanitárias e na arena a colocação de mais burladeros, revelando o gosto e aficion das gentes locais.

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