- Data: 15 de Agosto de 2010, pelas 18.30 horas
- Empresa: Toiros & Tauromaquia, Lda.
- Ganadarias: Conde de la Corte, Branco Núncio, Fernandes de Castro, Campos Peña, Murteira Grave, La Dehesilla
- Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Salgueiro e Tiago Carreiras
- Grupo de Forcados: Forcados Amadores de Montemor e Real Grupo de Forcados Amadores de Moura, capitaneados por José Maria Cortes e Pedro Acabado, respectivamente.
- Assistência: ¾ de casa
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico sr. Agostinho Borges, assessorado pelo médico veterinário Dr. João Infante.
Foi o 15 de Agosto, o dia mais taurino do ano, o escolhido para o primeiro concurso de ganadarias ibéricas realizado na praça de toiros de Reguengos de Monsaraz. Concurso de ganadarias ibéricas, porque, neste momento, vivemos a moda dos toiros espanhóis, o que até se torna mais vantajoso economicamente. O cartel era quase uma repetição do que há oito dias fora montado em Alcochete, por ocasião das Festas do Barrete Verde, apenas com uma alteração, forçada pelo facto de o cavaleiro que entrou ser apoderado pelo empresário que gere os destinos desta praça alentejana. Faltou, pois, alguma imaginação na montagem do cartel, mesmo que as repetições aconteçam muitas vezes em muitas praças do nosso Portugal taurino. Na direcção da corrida dois antigos forcados dos grupos em praça: Montemor, o director de corrida e Moura, o médico veterinário.
O toiro enviado pela ganadaria de Conde de La Corte foi recusado pala direcção de corrida em virtude de não acusar o peso mínimo exigível, tendo sido substituído por uma rês da ganadaria Murteira Grave, extra concurso, marcado com o 7 na espádua e acusando na balança o peso de 550 Kg. O exemplar da ganadaria de Branco Núncio, com cinco anos e 500 Kg, saiu pequenote e de pouco trapio, mas revelou grande mobilidade, acudindo aos cites com prontidão de todos os terrenos. Faltou-lhe um pouco mais de força e de empuje no momento da reunião. O toiro da ganadaria de José Luís Pereda, tinha cinco anos e 503 Kg, estava bem apresentado e mostrou mobilidade e voluntariedade nas investidas, ficando um pouco reservado nas reuniões, mas a servir perfeitamente. A ganadaria Murteira Grave enviou para concurso um toiro de excelente apresentação e trapio, com quatro anos e 560 Kg, que se mexia bem, colaborando com o cavaleiro, embora não emprestasse a emoção desejável no momento da cravagem dos ferros. O Engº Luís Rocha apresentou um toiro com uma apresentação e trapio excelentes, bem no tipo da ganadaria, ferrado com o 5 na espádua e com o peso de 560 Kg. Saiu a pedir contas a cavaleiro e forcados, muito reservado, com pouca mobilidade e a defender-se muito no momento de reunir, investindo sempre com a cara por alto. O último da tarde, da ganadaria espanhola de La Dehesilla, com cinco anos e 590 Kg, de excelente apresentação e trapio, teve mobilidade e colaborou com o cavaleiro, deixando-se lidar.
No final, o júri, constituído pelos próprios ganaderos, atribuiu o prémio de bravura ao toiro de Branco Núncio e o prémio de apresentação ao exemplar de Murteira Grave.
António Ribeiro Telles veio a Reguengos mostrar que se encontra num bom momento, brindando os presentes com duas boas lides, bem ao seu estilo, sempre de frente para o toiro no momento de cravar, com reuniões cingidas e ferros colocados ao estribo. Iniciou a tarde com duas tiras bem executadas, para, no terceiro ferro, deixar fugir a mão, resultando este bastante traseiro. Nos curtos, depois de acertar as distâncias para cravar, colocou quatro ferros de nota alta, com o toiro a sair pela garupa do cavalo após cravagem ao estribo. Ao segundo do seu lote ministrou uma lide de grande maestria. Sempre ligado ao toiro, lidando-o, deixando-o bem colocado e cravando bem no alto, deixou três compridos e quatro curtos muito bons, terminando com um palmo, a pedido do público, que não resultou tão cingido como os anteriores, mas que em nada deslustrou o que havia feito até aí.
João Salgueiro teve duas lides distintas, fruto de dois toiros também muito diferentes. Ao primeiro, um toiro que acudia aos cites com prontidão, ministrou uma lide muito correcta, indo de frente e deixando bons ferros, com destaque para os 1º e 3º curtos, colocados em reuniões mais ajustadas. Rematou as sortes com vistosas piruetas na cara do toiro, muito aplaudidas pela grande maioria do público presente. Ao segundo do seu lote deixou a ferragem com alguma dificuldade, não conseguindo contornar os problemas que o astado lhe colocava. No final não saiu para a volta à arena.
Tiago Carreiras teve uma primeira lide sem grande brilho, com a maior parte dos ferros a resultarem colocados à garupa, não conseguindo pisar os terrenos do toiro para deixar os ferros com maior correcção. Destaque para o primeiro ferro comprido, de colocação ajustada e emotiva. No último toiro da corrida esteve bastante melhor, entrando pela cara do seu oponente e deixando ferros de nota bem positiva, sabendo tirar proveito das características do toiro que tinha pela frente e ministrando-lhe uma grande lide. Faltou-lhe apenas dar mais importância aos ferros compridos, que despachou com rapidez e sem a melhor colocação. Pena que, no final, tenha causado um problema à direcção de corrida que era perfeitamente evitável.
Para o Grupo de Forcados Amadores de Montemor a tarde não correu da melhor forma. Para pegar o primeiro saiu o cabo José Maria Cortes, que, nas duas primeiras entradas ao toiro não esteve bem a recuar (quanto a nós deveria ter recuado mais um pouco) e não conseguiu fechar-se. Consumou ao terceiro intento, com as ajudas carregadas, numa pega sem brilho. Apesar disso e de ser o líder do grupo, que deve dar o exemplo aos restantes elementos, saiu para a volta à arena, ainda que instigado pelo cavaleiro. João Cabral saltou tábuas para pegar o terceiro da ordem e na primeira tentativa não aguentou o toiro (pensamos que recuou um pouco mais do que devia) e não conseguiu reunir. Rectificou e consumou uma boa pega à segunda tentativa, bem ajudado pelo grupo. João Maria Santos e João Pedro Tavares saíram para pegar de cernelha o quinto da tarde e, perante as dificuldades do toiro em encabrestar e com falta de determinação na hora de entrar para a pega, não conseguiram consumar a sorte. Saiu para a pega de caras, com muita precipitação à mistura, o forcado João Tavares (Romão), que consumou à terceira tentativa, com o grupo em cima e com os cabrestos na arena. Nota negativa para o rabejador que, por mais que uma vez, rabejou o toiro sem que a pega se efectuasse.
Pelo Real Grupo de Forcados Amadores de Moura, iniciou a tarde de pegas João Cabrita, que citou e reuniu correctamente para uma pega em que o toiro não infringiu quaisquer derrotes e bem ajudado pelo grupo, que não teve dificuldades em fechar. David Veríssimo saiu para pegar o quarto toiro da corrida. Citou de largo, carregou a sorte por três vezes e, embora não consentindo bem o toiro, que lhe investiu ao peito, conseguiu ficar-lhe na cara e consumar a pega, com o grupo a ajudar bem. O último da tarde foi pegado por Walter Rico, que, embora não tenha reunido da melhor forma, perante a arrancada pronta do toiro, conseguiu ficar na cara e, com a entrada das ajudas de forma eficiente, consumar a pega.
O Mais e o Menos
+ O bom ritmo em que decorreu o espectáculo.
- O envio a um concurso de ganadarias de um exemplar sem o peso mínimo exigido.
- A entrada de público no decorrer das lides, com a conivência do pessoal de serviço nas portas de acesso à praça.
- A falta de identificação, nas portas de acesso á praça, do sector correspondente, o que gerou alguma confusão na entrada do sector 1 (sombra) onde havia apenas uma porta de acesso.
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