sábado, 17 de julho de 2010

Euforia em Lisboa!!


Quase esgotou o Campo Pequeno na corrida do Jornal Correio da Manhã. Um minuto de silencio a anteceder, para recordar o Ganadeiro Ruy Gonçalves e o Director de Corridas e o Bandarilheiro Rogério Valgode, ambos recentemente falecidos.



O Curro de Passanha de irregular apresentação, foi cómodo, alguns muito encastados e codiciosos, mas sem apertar em demasia e na sua generalidade justo de forças. Todos ferrados com o seis e com pesos acima dos 500 Kg.



Viveram-se actuações de inusitado interesse, momentos de festa justificada, de toureio puro, em versão clássica e em versão moderna. Se levarmos em linha de conta esta dicotomia podemos evitar injustiças. Há artistas que seguem os cânones máximos do toureio a cavalo clássico, menos espectaculares nos cites e adornos. Ao fim e ao cabo a diferença entre o toureio a cavalo clássico e da era actual ou moderna. Agora o importante é que não se perca a essência, que os toiros continuem a ser lidados conforme as suas condições, os ferros sejam cravados de frente, ao estribo e a quarteio, com remate a rodar por dentro e se deixe quando tem condições os toiros tomar iniciativa e de largo, ou seja, se dêem vantagens a toiros que fisicamente tem condições para isso, ao invés de os afogar em demasia desde que rompem praça. É diferente de basear a actuação em ladeios, piruetas, passagens em falso de adorno excessivas, palmos, palmitos, rosas, pares, violinos e ultimamente algumas atrocidades de um cavalo a um toiro na maioria das vezes já mórbido, num inqualificável gesto anti-taurino e que incendeia a desconhecedora populaça.



Pois bem, vimos na noite de Lisboa exemplos claros da dicotomia, atrás resumida de forma pessoal e simplista, protagonizada pelos dois maiores do mundo em cada estilo. São dois senhores quando inspirados, tem ambos um sentido critico apurado e de exigência própria na Praça. António, um clássico fino e maduro, lidou com soberania e limpeza ambos os toiros que lhe tocaram. No primeiro esteve em elevado plano a dar lide a um cómodo oponente, em sortes bonitas, cingidas, a bregar com critério e a chegar com força ás bancadas, com o prestimoso Santarém em noite grande. No seu segundo esteve superior, porque o toiro tinha mais que lidar, tinha mais que lhe entender e contornar para deixar a ferragem. Não sendo possível tanto espectáculo, chegou menos ao público mais ao aficionado, porfiou uma enormidade com o Rondeño e deu a volta ao Passanha, com sentido a adiantar-se e pronto a colher. Ainda pensou que o público lhe pedia a segunda volta, saiu para a mesma e recuou ao perceber que não era em uníssono. Merecia-as, num e noutro.



Quem também as mereceu e deu foi Pablo H. Mendoza. Senhor em toda a Praça, está um gestor de lide fabuloso, sabe como chegar ás bancadas sem beliscar os puristas, vai de frente, cara com cara, com batida ou sem ela consegue lidar de forma a por os toiros a favor dos cavalos, quando estes deixam, e depois alegre comunicativo, mas com temple, doma, respeito pelos livros e pelo publico, sabe ligar a brega, com a colocação e o remate, como ninguém e por forma a que o conjunto saia de elevada harmonia e triunfo. Apenas o senão de por vezes serem excessivas as passagens pela cara dos toiros, e os ladeios em cima, quando os toiros já não tem passo. Não é por acaso que os “nossos” puristas lhe tiram o chapéu”. Deu quatro voltas e saiu caminho da Av. Republica em ombros. Acrescentamos que existia espaço, costaleros e justificação para Antonio Telles.



O jovem Telles Jr, esteve diligente no seu primeiro, demorou a encontrar e encontrar-se e só no final de lide vimos algo, do muito de positivo que lhe conhecemos. A sua segunda actuação indiciava fecho grande de noite depois da magnífica serie de compridos, só que o Passanha resolveu mansear e fechar-se em tábuas. Pressionado pelos triunfos dos outros alternantes, precipitou-se e os ferros resultaram pescados e abertos e o par, com que terminou, um martírio para o deixar no corredor. Recusou respeitosamente a volta no final. Outra vez será!!



Noite cómoda também para as pegas, nem sempre tecnicamente bem executadas no capítulo das reuniões, mas com os caras a emendarem-se e os ajudas a funcionarem em pleno, e em ambos Grupos.



Registamos uma grande pega de Joaquim Torres ao primeiro que ensarilhou de forma rápida até meter a cara, mas o forcado esteve “mandão” a recuar a medida certa e com domínio da situação, escolheu o momento para reunir em condições e fechar-se à primeira com decisão e raça. Uma pega para ensinar. Outra boa pega pela “lapa” que foi Gonçalo Veloso a agarrar-se, mesmo com uma perna por cima de um corno, fruto de o toiro vir buscá-lo por baixo (um passinho mais a recuar talvez tivesse composto mais a reunião) e a aguentar viagem com derrotes a despejar e a empurrar com poder até tábuas. António Grave de Jesus fez duas tentativas “Kamikase” ao 5º. Entrou uma barbaridade dentro de um toiro que o media desde tábuas, não lhe deu hipótese de sair do “quintalinho” a recuar e desfeiteou-o de má maneira, fez duas tentativas e foi dobrado por João Vaz Freire que na sua segunda resolveu já ajudado em cima. Isto pelo grupo de Santarém.



Por Lisboa abriu Gonçalo Gomes em pega fácil à primeira, também á primeira Pedro Miranda (embora adiantando-se um pouco na reunião) e Manuel Guerreiro à segunda, correcto e bonito, depois de na primeira se ter calado e descomposto na reunião.



O Sr. António Garçoa dirigiu sem problemas. A embolação e ferragem, como sempre, com o brilho e bom gosto da dupla Simões e Alcachão e o Só-li-Dó da B.S.L.P. Samouquense.



Nota: Agora falta ver estas portas grandes todas com outros oponentes, em jeito de brincadeira para quando….. Antonio, Salgueiro, Mendoza e Ventura, com Nuncios, Ernestos, Graves ou mesmo Palhas. 8 (dois para cada). Quem consegue senhores empresários, vamos a um “tira teimas” e com toiros a sério. De fazer aficionados. Antigamente era assim….

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