sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Noite de triunfo na ultima de Lisboa

O Campo Pequeno abriu as suas portas para a última corrida da temporada, era a corrida do Sporting que contava com o aliciante do regresso da família Moura á Catedral do Toureio.

O espectáculo iniciou-se com as variedades taurinas em que actuava Miguel Moura, que lidou um novilho da ganadaria Passanha (em substituição do anunciado de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas) uma lide cheia de alegria e toreria, foi aquilo que este jovem cavaleiro nos ofereceu; frente a um colaborante e bem apresentado Passanha, Miguel crava dois compridos excelentes e nos curtos deixa emocionantes ferros citando de praça a praça e cravando ao piton contrário, o público esteve sempre com ele demonstrando-lhe todo o seu carinho e reconhecendo o seu já muito valor e sentido toureiro; terminou com duas rosas de palmo bem cravadas e rematadas que deixaram o público rendido e satisfeito.

È impressionante como o Maestro Moura se apresenta em praça, começa a ser redundante falar deste Senhor do Toureio, que hoje, além da delícia que é vê-lo actuar, funciona como catedrático desta nobre arte, leccionando em cada actuação sua; sempre assim foi e sempre assim há-de ser; exemplo disso são os resultados dos seus pupilos mais chegados que hoje mais uma vez pudemos comprovar.

O primeiro toiro que lidou (talvez o que tivesse mais sangue Santacoloma) saiu com bastante pata, sendo recebido pelo cavaleiro de forma emocionante, parando-o como só ele sabe; crava-lhe dois compridos de boa nota, e na lide dos curtos crava-lhe cinco de antologia, rematados com vistosos ladeios (quais muletazos) que chegaram intensamente ás bancadas de onde surgiram fortes aplausos. Na sua segunda mais uma grande lide, sempre com exigência e categoria de sobras; quando este toureiro se monta num cavalo e entra numa praça, e ainda por cima de for na primeira do País, ele entra numa outra dimensão, a que só muito poucos tem acesso, mas a que felizmente muitos tem hipótese de assistir, de desfrutar…

João Moura Jr rubricou mais um grande triunfo ontem em Lisboa, na primeira lide depois de dois belíssimos ferros compridos, aparece no Merlin para nos curtos montar um alvoroço de toreria, destaque para o terceiro ao piton contrario a aguentar e a carregar um ferro de teve nota vinte, o público pede mais e Jr acedeu com um de palmo superiormente cravado, terminando uma lide de categoria. No seu segundo a fasquia vai mais alto ainda, os acordes da Sociedade Filarmónica do Progresso e Labor Samouquense enriqueceram ainda mais a lide logo após o primeiro excelente ferro curto que cravou, segue com um de praça á praça, e no quarto levantou as bancadas, crava dois de palmo a pedido do público que tiveram grande êxito, terminando uma lide que teve como prémio duas voltas á arena, diga-se de passagem merecidíssimas.

Na parte apeada João Augusto Moura lidou dois toiros de Falé Filipe, o primeiro bravo e colaborante mas a acusar a falta da sorte de varas, o segundo um toiro bravo e nobre de investidas.

Começou a lide recebendo por verónicas sempre ganhando terreno e levando o astado até aos médios, na muleta teve uma faena praticamente baseada em derechazos, ficando a faltar a da verdade, o toureio experimentou mas o toiro não permitiu.

No seu segundo tem uma lide brilhante frente a um bom toiro de Falé Filipe, que permitiu grande brilhantismo tanto no capote como na muleta, iniciando a faena com a flanela com ajustados estatuários, causando grandes emoções nas bancadas, em que o perigo e o risco foram a tónica presente, segue por derechazos em várias séries chegando por fim os tão saborosos naturais, nas ultimas séries o toiro já ficava um pouco curto de investida mas ainda assim o toureiro soube estar por cima, mostrando oficio enorme para um Jovem que este ano esteve tão pouco placeado; teve duas merecidas voltas a uma lide que brindou ao céu, certamente a seu Pai e seu Avô.

A forcadagem também brilhou; o novilho de Passanha lidado pelo Miguel foi pegado pelo grupo de Évora que educadamente partilhou ajudas com Monforte e foi pegado por Gonçalo Guerreiro á primeira tentativa.

Os outros Eborenses a pegar foram o cabo Bernardo Patinhas muito bem á primeira e Ricardo Casasnovas também correcto á primeira.

A rapaziada de Monforte a quem coube os dois toiros mais pesados da corrida virava uma página na sua história com a mudança de cabo saindo Paulo Freire que fez uma grande pega á primeira tentativa e entra como novo cabo Ricardo Carrilho, a quem desejamos desde já as maiores felicidades na sua nova função; o Ricardo infelizmente não pode pegar pois encontra-se a recuperar de uma lesão, pegou Márcio Paulo apenas á terceira tentativa, nas duas primeiras falhou sempre por sua culpa pois adiantava as mãos na altura da reunião, pagou a factura sem hesitar pois recusou dar volta. Quanto a nós se calhar não foi a melhor opção a escolha deste forcado, teria sido interessante pegar o conhecido forcado Toni, pois se a noite era da família Moura, certamente este Jovem que é moço de espadas de Moura Jr também sente de forma especial esta Família e de certeza que tudo tinha feito para não defraudar, isto é apenas a nossa modesta opinião como aficionados, mais nada.

Os toiros de Mário e Herdeiros de Manuel Vinhas saíram bem apresentados e cumpriram na generalidade dando grande colaboração para que a corrida fosse de facto um êxito; na volta final de agradecimento dos Mouras, destaque para o Benjamim Tomás, que vestindo o seu primeiro traje curto, e não podendo ainda tourear calhou-lhe e bem o agradecimento dos fortes aplausos que todos recebiam, de “sombrero” em mão e de forma bastante toureira; foi tocante a maneira como agradecia, ou não fosse ele um Moura.

Perante três quartos de casa dirigiu com acerto mas com pouca vontade de ouvir música o Sr Ricardo Pereira.

A homenagem da Câmara de Monforte a alguns intervenientes e mais algumas personalidades logo após a lide de Miguel Moura, apesar de ser merecida pelas mesmas, julgamos não ter sido no local apropriado pois o público estava com ânsia de ver tourear e não de estar uma enormidade de tempo a ver entregar presentes, realmente os políticos por vezes tornam-se um pouco diga-mos: Aborrecidos…

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