domingo, 20 de março de 2011

Mouras triunfam em abençoado festival da Rádio Campanário


A Tauromaquia sempre tem andado de mãos dadas com o catolicismo; com mais ou menos fé, ou com um toque de superstição á mistura, o certo é que: “na cova do lobo não há lugar para ateus”, e o risco que tal prática toureira implica não deixa grandes oportunidades para o campo do ateísmo.


Mas neste festival esse momento íntimo que cada artista dedica, encomendando-se ao divino, saiu á luz do dia, tornou-se público e numa cerimónia muito bonita, entrou a ombros de toureiros nada mais nada menos que Nossa Senhora da Conceição Padroeira de Portugal; a quem foi pedida a bênção para todos, e porque todos juntos temos mais força, logo ali se fizeram sentir as nossas preces: Um sol primaveril, um sol de toiros, uma casa quase cheia, e o triunfo generalizado dos artistas.

O Maestro Telles, hoje também porta-voz dos artistas à Virgem; lidou um Passanha que exprimiu bem o seu sangue Morubenho que levava dentro, com investidas francas mas suaves, que permitiu ao da Torrinha uma lide regular e acertada, subindo de tom na parte final e que a Banda do Centro Cultural do Alandroal acompanhou logo desde o primeiro ferro curto.

De Tomar veio Rui Salvador, que encontrou algumas dificuldades na colocação da ferragem comprida; perante um novilho encastado de Santiago. Contudo depois nos curtos Salvador encontrou-se; a música abrilhantou e a lide resultou, o público pede ainda mais ferro que o cavaleiro crava em bom nível de alto a baixo fechando da melhor forma a sua actuação.

Sónia Matias lidou o único toiro da corrida, o mais bravo, e dos mais bem apresentados; pertencia á ganadaria de Falé Filipe, e permitiu á cavaleira brilhar, e chegar com força junto do público Calipolense; logo no primeiro comprido o toiro aperta bastante, nos curtos com o Sultão escuta grandes aplausos logo no segundo que crava, depois saca também o Atrevido e foi o espectáculo habitual de cavalo e cavaleira, com sortes bem rematadas, ligação e emoção da lide, com público completamente rendido á sua actuação, termina com um ferro em sorte de violino e com o público a pedir mais.

João Moura Jr entrou em substituição de seu Pai que se tinha lesionado, lidou um Romão Tenório excelentemente apresentado e que colaborou na perfeição, muito bem nos compridos; começa nos curtos logo com muita emoção com um ferro ao piton contrário, e já soava “Paquito el Chocolatero”, no terceiro curto crava a receber e mete a praça em pé, depois saca o Merlin onde se recreou metendo-se insistentemente com o novilho, numa lide em que não existiu um segundo que fosse de tempo morto. Crava duas rosas a pedido do público e depois com remates e adornos surpreendentes termina uma das grandes lides da tarde.

Tiago Carreiras lidou um novilho de Murteira Grave, que se mostrou algo desinteressado de inicio; no segundo curto o toiro vem busca-lo cá acima, ao “sovaquilho” e o ferro resultou emocionante, depois saca o famoso Quirino e nem a grandeza deste cavalo conseguiu elevar a lide ao brilhantismo que Tiago certamente desejaria, por culpa do astado, o público não sentiu com é habito sentir as lides de Carreiras, mas mesmo assim podemos dizer que foi uma actuação de grande oficio.

Fechou com chave de ouro o Amador Miguel Moura; repito até á exaustão que este Jovem tem um saber avançadíssimo para a sua condição de amador; recebeu em redondo e em curto de forma estrondosa, muito bem nos compridos; logo no primeiro curto que resultou em pleno remata com vistosos ladeios, que depois estendeu por toda a sua lide; experimentou todos os terrenos e lidou na verdadeira essência da palavra; o terceiro foi de praça á praça, todos eles cravados em “su sitio”, alguns em terrenos de dentro, de aperto, sem nenhum toque na montada, termina com duas rosas que o publico pediu efusivamente. Miguel foi um dos grandes triunfadores da tarde; e hoje ficou mais uma vez provado que quando entra um Moura em praça, nesta caso foram dois; os batimentos cardíacos do aficionado aumentam de ritmo; isto é significado de emoção, no fundo aquilo que o aficionado quer e procura.

A forcadagem por Montemor resolveu tudo á primeira tentativa com grandes pegas por intermédio de: Miguel Bibe, Francisco Borges e António Calça e Pina.

Pelos de Monforte Vítor Carreiras á terceira, Rui Russo que depois de duas entradas fortes e feias a que o forcado se elevou, concretizou á terceira com enorme valor, e Luís Samarra á primeira.

Dirigiu com acerto o Sr. Agostinho Borges coadjuvado pelo Medico Veterinário Dr José Guerra.
Um grande triunfo também para a Rádio Campanário, incansável na divulgação e dignificação da Festa Brava.

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