sexta-feira, 25 de março de 2011

E pronto! Chegou ao fim!



E pronto, queridos amigos, por aqui me fico. Dia inteiro a trabalhar no jornal, sem tempo para aqui vir. Amanhã, sábado, faço este trajecto pela última vez em direcção à casa do "Big Brother" do Estabelecimento Prisional do Linhó, 54 fins-de-semana depois do primeiro dia (um ano e duas semanas mais!). Acaba domingo a minha pena. Sou livre outra vez. Vou voltar a ter fins-de-semana... sem ser na prisa! Fui o segundo jornalista, em mais de vinte anos, a cumprir uma pena de prisão (ainda que apenas aos fins-de-semana) por um "crime" de "abuso de liberdade de imprensa", depois de Manuel Maria Múrias, director do extinto jornal "A Rua" (de que me honro de ter sido chefe de redacção!) - orgulho-me imenso disso!
Foi uma experiência altamente enriquecedora, da qual procurei sempre evidenciar os lados positivos e esquecer os negativos, com um sorriso. Os meus filhos foram fantásticos. Deram-me a força que me faltava. Os meus Pais, os meus irmãos, os meus Amigos. Todos. Os meus primos.
 Domingo vou ter a Maria Ana e o Guilherme, às nove da noite, à minha espera à porta do Linhó. Nunca lá foram neste ano. Acertámos que só iriam no dia da saída definitiva. Lá estarão para os beijar, os abraçar, lhes dizer que os amo muito, que me orgulho imenso deles, que foram as bóias que me mantiveram à superfície quando estava mesmo a ir ao fundo.
Aos meus companheiros do Linhó, aos guardas prisionais com que convivi durante um ano - aquele abraço. Todas as lágrimas que vou tentar esconder no domingo. Obrigado! Foram todos fantásticos, fomos sempre um por todos e todos por um! Vou ter imensas saudades.
Obrigado, Ana, Mãe dos meus filhos, por todo o apoio que me deste neste ano complicadote. 
Obrigado, Maria João, amiga de tantos anos, pela solidariedade que sempre senti, pelas algumas vezes que me foste levar ao Linhó.
Obrigado, Clara. Pelo apoio, pelas risadas.
Obrigado, Rita. E desculpa o que não correu bem.
Obrigado, Rui, Guarany, João Duarte, Xico Caeiro, Diogo Passanha (que sábado me vai levar pela última vez!), meu mano Nuno, pelas boleias que me deram para lá e para cá.
Obrigado, Dr. João Camacho, meu advogado. Por tudo!
Obrigado, Margarida! Porque no meio desta merda, me fizeste sorrir outra vez!
Solange e Dinis, Hugo, Cortesão, Relvas, Mateus, inclui-vos nos Amigos sem especificar. Mas quero muito agradecer também à turma do "Farpas". Sem vocês nada teria sido possível. Obrigado, ainda, Solange, pelas boleias. A ti, João Dinis, obrigado pela enorme reportagem que fizeste no Linhó e te revelou (ou confirmou) ainda mais o grande jornalista que vive em ti. Os teus telefonemas, João Cortesão, sempre que saía do Linhó, foram uma força que eu guardo para sempre, as tuas palavras, a tua graça, a minha tirada final, sempre igual: "ainda não foi desta, João..." (sabes do que falo). Também os teus telefonemas, Hugo Teixeira, sempre que batiam as nove da noite de domingo. E os teus, João Duarte. Eu sei que arranjei forças, onde as não tinha, para aguentar o barco sózinho, ia e vinha, naquelas 36 horas navegava ao sabor dos meus amigos de lá (que tanto significaram, que tanto significam), dos telefonemas que fazia para, em poucos minutos, ouvir as vozes que me davam tranquilidade e mais força ainda, da ansiedade de que chegassem por fim as 9 horas de domingo (da noite) para voltar a fazer a viagem em sentido contrário, rumo aos cinco dias semanais de liberdade em que tinha que viver a correr. Agora acaba. Não se agradece nada aos amigos. Não se diz obrigado, não é preciso. Mas eu quero dizer. Bem alto. Estive um ano preso aos fins-de-semana no Linhó. Mas vocês estavam a meu lado. Eu sabia e sentia. Foi bom.

Foto D.R.

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