sábado, 12 de março de 2011

Rafael Cerro; primeira porta grande de Olivença

Saudosas tardes quentes de Verão em que vendo uma daquelas grandes faenas se nos arrepia a pele, arrepios de frio emotivos que nos baixam a temperatura e alimentam a alma. Inversamente na novilhada de abertura da feira de Olivença, necessitávamos do contrário: Uma grande faena mas para nos aquecer a alma e fazer esquecer o muito frio e chuva que se fazia sentir e que mais de meia casa de público presenciou estoicamente.


Jesus Diez “FINI” Extremenho, aquele que já deixou a placenta da escola taurina, vinha para triunfar; de joelhos larga afarolada, verónicas, levando o novilho até aos médios, três pares de bandarilhas com garra, o último de violino; flanela vermelha pelo chão no inicio de faena; destaca a terceira série de naturais com classe e profundeza, música; meia estocada, um aviso, contei até ao quinto descabelho, silencio do público.

Recebe á Verónica o seu segundo, vem por todas novamente, bandarilha e é agarrado no segundo par de forma feia, eleva-se e coloca outro par. Inicia a faena de muleta com pouca emoção fruto da fraca e curta investida do novilho, tentou por naturais conseguindo apenas alguns soltos, sem a ligação e a emoção que queria e queríamos. Sem a colaboração do novilho o labor do Toureiro não chegou para escutar música, três pinchazos, um aviso, quinta estocada, descabelho e novamente silenciado.

Da Fundação El Juli vinha Fernando Adrian, mostrou-se preparado e com enorme garra nos dois novilhos que lidou, faena de poder no primeiro, sempre com o novilho a medir o toureiro, mas este sempre a cruzar-se , naturais soltos, faltou um pouco de toiro para que Adrian entrasse com pé direito no debute com cavalos, arrima-se e entre os pitons do oponente ouve as primeiras fortes ovações da tarde, espremeu todo o novilho, mata á terceira estocada e é aplaudido. Faroles de joelhos com o capote, série de verónicas, remata com uma meia e segue para a muleta com um inicio ajustadíssimo, com o toiro a avisar, é agarrado de forma bastante feia mas sem consequências, o toiro não ajuda e persegue o toureiro em curto mirando-o sempre, naturais; aplaudindo, o público reconheceu-lhe a sua valentia, o seu querer, mata á segunda estocada, ouve segundo aviso, dá volta.

Mais um Extremenho que debutava com picadores, Rafael Cerro, escutou logo Olés pelas verónicas com que recebeu o seu primeiro; brindou aos céus, e teve um início de faena templado por derechazos onde o novilho saia sem vontade de repetir, sem interesse. Mostrou leveza com a mão da verdade faltou um pouco de ligação, e de continuidade; faena longa e sem brilho, mais uma vez culpa do nobre mas insonso Piriz, onde o esforço e a vontade do artista foi premiado com uma orelha. Sai para o segundo com intuito de sair em ombros, e conseguiu: Brilha na faena de capote, inicia por derechazos, Olés logo de inicio com a muleta, uma excelente série, em que acreditamos que o toiro tem mais investida, mais recorrido que os seus irmãos lidados anteriormente; na terceira por naturais ao som da Filarmónica de Olivença viram-se grandes detalhes, contudo o astado busca querença junto á porta de arraste onde é terminada a faena e “traçada” a sorte suprema; escutou um aviso, e foi premiado com mais uma orelha e consequente porta grande; Como disse o seu Maestro Ortega Cano seu apoderado e mentor: “El Cerro que pronto será montaña.”

A ganadaria da terra; Bernardino Piriz, saiu de uma forma geral nobre e colaborante, mas sem raça, e sem recorrido; o que tirou um pouco de brilhantismo ao espectáculo; sem complicar, não deixaram brilhar. Mas relembramos sempre com saudade o nove de Março do ano dois mil e dois, em que o Novilheiro na altura Javier Solis indultou nesta mesma praça, um novilho desta mesma ganadaria.

Sem comentários:

Enviar um comentário