segunda-feira, 26 de abril de 2010

Alter do Chão “é praça cheia”


Uma vez mais cumpriu-se a tradição e realizou-se a corrida de 25 de Abril em Alter do Chão, com casa cheia.

Durante as cortesias cumpriu-se um minuto de silêncio em honra do Forcado dos Amadores de Alcochete recentemente falecido Ricardo Mota e do antigo bandarilheiro Alberto Reimão.

João Moura abriu praça com uma lide que soube a pouco para aquilo que o Maestro fidedignamente nos tem habituado. Fruto da pouca transmissão do toiro, o toureiro teve que puxar dos seus galões para desenvolver a lide, consegue prender o público com a cravagem do terceiro comprido e respectiva brega final, música e vai até ao quinto curto sempre com ferros de boa nota, recusa-se humildemente a dar a volta, resultado da alta exigência que pretende para as suas lides, achando que esta não encaixava nesse elevado critério. No seu segundo, o toiro mais pesado da corrida, Moura consegue a tal lide que nós sempre esperamos dele, perante um toiro difícil, consegue brilhar tanto nos compridos como nos curtos, estes em número de seis, o público reconhece e atribui-lhe fortes e merecidos aplausos. Não nos cansamos de referir a garra e a ânsia de triunfo (que sempre consegue) deste toureiro, por aquilo que vimos até aqui, esta temporada pela parte que lhe toca vai ser mesmo para arrasar.



Vítor Ribeiro podemos dizer sem sombra de dúvidas que teve uma tarde de triunfo nas duas lides que nos ofereceu. No seu primeiro deixa dois curtos de grande nota, o público estava justamente com ele e logo no primeiro curto soaram os acordes da Banda Municipal Alterense, perante um toiro que mostrou algum sentido e desatenção no inicio da lide fruto das movimentações constantes na trincheira; Victor deu-lhe uma lide que roçou a perfeição, tanto em brega, colocação e remate das sortes que brilhantemente executou. A sua segunda lide emparelhou tanto em beleza como em qualidade com a primeira, o toureiro mostrou-se bastante preparado, motivado e com argumentos para grandes triunfos, acreditamos que esta temporada a palavra “Figura” se junte a ele para não mais o largar.



O praticante Tiago Carreiras apresentava-se hoje em Alter numa corrida em que poderíamos dizer que seria o ensaio geral e prévio à sua alternativa do próximo dia 6 de Maio no Campo Pequeno; mas desejamos desde já que a sua alternativa nada tenha a ver com o ensaio, pois foi mau demais para ser verdade; no primeiro que lidou, o desacerto foi nítido, faltou concentração e acerto na escolha de terrenos, consentiu alguns toques inexplicáveis nesta fase do “campeonato”; no seu segundo a coisa pouco melhorou, sem argumentos jogou o seu trunfo principal “o Quirino” que quanto a nós ainda acinzentou mais a coisa, pois andar constantemente á volta do seu oponente com este completamente imóvel não acho adjectivo que caracterize tal acção dentro dos cânones que regem a arte de tourear a cavalo. Acreditamos que foi um dia não para o Tiago, mas acima de tudo acreditamos e fazemos votos que no dia 6 ele nos vai brindar com aquilo que tantas vezes já nos tem brindado, que é com um grande triunfo, sabemos que a chave da porta grande do Campo Pequeno está no seu bolso: portanto é só puxar por ela e abrir.



O amador Manuel Vacas de Carvalho lidou um novilho de Pégoras, que não lhe deu tréguas, arrancava-se com enorme clareza e alguma perigosidade, facto que deixou o cavaleiro em apuros principalmente nos compridos, mas este não se intimidou e nos curtos desenrascou-se com garra sem nunca voltar a cara ás dificuldades; impertinente este Pégoras que colocaria até uma “figura” que fosse, em alerta máximo.



A forcadagem teve uma tarde relativamente fácil, concluímos que sobrou rapaziada para o curro em questão, resolveram por Alter, Sérgio Pires, Bruno Palmeiro, e Elias Santos todos ao primeiro intento. Por Montemor, João Braga, Francisco Barreto (dividida com grupo Alter) e Pedro Barradas todos á primeira e Filipe Mendes á segunda tentativa.



Estavam em disputa os troféus Luís Saramago para a melhor pega, que foi ganho por Elias Santos do grupo de Alter, e D. José de Atahyde para a melhor lide, que foi ganho por João Moura, este não obteve o consenso do público que brindou o toureiro com uma monumental assobiadela. Pela nossa parte apenas humildemente pensamos que quando se fala de Arte, que é aquilo que a Tauromaquia efectivamente é, há duas coisas que deviam ficar á porta, uma são os prémios e outra são as estatísticas, tudo o que mete sensibilidade e logo alguma subjectividade e gosto próprio deve abstrair-se destes dois temas que referimos.

Praça completamente cheia; dirigiu com acerto o Exmo Sr Ricardo Pereira, coadjuvado pelo Médico Veterinário Dr José Guerra, a ferragem e embolação esteve a cargo do Sr. José Paulo, e abrilhantou a Banda Municipal Alterense.

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