segunda-feira, 12 de julho de 2010

Noite de emoções fortes na Corrida Real

- Praça de Toiros: Arena d’Évora

- Data: 09 de Julho de 2010, pelas 22h00
- Empresa: Terra Brava
- Ganadaria: Herds. de Ernesto Fernandes de Castro
- Cavaleiros: Sónia Matias e Ana Batista
- Cavaleiro Praticante: Isabel Ramos
- Grupo de Forcado: Forcados Amadores de Évora e do Aposento da Moita, capitaneados por Bernardo Patinhas e Tiago Ribeiro, respectivamente.
- Assistência: ½ casa
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico sr. Nuno Nery, assessorado pelo médico veterinário Dr. Matias Guilherme.

Mais uma edição – a décima terceira – da Corrida Real que é já uma marca importante do calendário taurino nacional, sendo que, desta vez serviu também para homenagear a diva do fado Amália Rodrigues. Em praça, para as lides equestres, em mais uma ocasião, três mulheres, duas delas as mais consagradas do toureio a cavalo à portuguesa e a outra uma jovem promessa já com algumas provas dadas. As pegas ficaram a cargo do grupo da terra e, pela primeira vez nesta praça, do grupo do Aposento da Moita, dois prestigiados grupos em competição.

Os toiros, da ganadaria dos Herds. de Ernesto Fernandes de Castro, com pesos a oscilarem entre os 480 e os 635 Kg, de excelente apresentação e trapio, estavam marcados com o algarismo 6 na espádua, o que indica que eram toiros. Em termos de comportamento mostraram-se voluntariosos mas difíceis, a pedirem que os toureassem, sendo de destacar o primeiro da ordem que foi nobre e bravo.
De louvar as cavaleiras – uma delas praticante – que não manifestaram receio em tourear toiros com peso, trapio e de um encaste difícil…

Iniciou a noite, no que às lides a cavalo diz respeito, Sónia Matias com uma lide de grande nível, sempre ligada ao toiro, preparando bem as sortes e entrando-lhe pela cara adentro para deixar ferros em reuniões cingidas e com emoção. Ao primeiro toiro da noite deixou dois bons compridos, pena que o segundo não tenha partido no momento de cravar. Depois brindou o público com três ferros curtos e um em sorte de violino de excelente nível, num toureio frontal, com reuniões bem ajustadas e com verdade. A sua segunda lide foi bem menos conseguida, com intervenções constantes dos seus bandarilheiros a tirar alguma força de investida ao toiro e onde os ferros ficaram no toiro em reuniões mais aliviadas e, alguns, já bem para lá do estribo. O destaque vai para o primeiro ferro comprido, uma boa tira, e para o ferro de palmo com que encerrou a sua actuação.

Ana Batista não começou da melhor maneira esta sua noite na Arena d’Évora. Na sua primeira lide não conseguiu entender o toiro que lhe coube em sorte, estando alguns furos abaixo do seu oponente. Com constantes intervenções dos elementos da sua quadrilha de bandarilheiros e deixando a ferragem algo dispersa, não conseguiu estar por cima do astado que teve pela frente. No quinto toiro da noite as coisas melhoraram bastante, se bem que continuou a presença constante dos bandarilheiros na arena. Dois bons compridos em sortes à tira bem desenhadas e quatro ferros curtos de execução correcta, compuseram a sua lide, sendo de destacar os segundo e quarto curtos, pelas reuniões mais ajustadas.

Isabel Ramos, fruto da sua juventude e da falta de corridas (iniciou a sua temporada com esta corrida) teve duas actuações algo irregulares, misturando ferros meritórios com outros menos conseguidos. Com toiros destes exigia-se outro tipo de toureio para o qual um cavaleiro com esta categoria (praticante) ainda não está preparado. Louva-se, contudo, a sua entrega e vontade de fazer bem. Na primeira lide demorou a entender o toiro e as distâncias e só os dois últimos ferros curtos resultaram de forma positiva. No último da corrida o destaque vai para os dois ferros compridos, de muito boa execução, e para o ferro de palmo com que encerrou a sua actuação.

Para os forcados a noite também não foi nada fácil. Abriu praça o Grupo de Forcados Amadores de Évora, por intermédio de Gonçalo Pires, que, perante uma arrancada pronta do toiro, conseguiu reunir bem, aguentou fortíssimos derrotes durante muito tempo, mas, perante uma incompreensível falta de ajudas, não conseguiu consumar. Depois, fruto do desgaste da 1ª entrada, só conseguiu concretizar a pega ao terceiro intento com as ajudas carregadas. No final deu merecida volta com agradecimento nos médios, a contrastar com os assobios para as ajudas. Para o terceiro da noite saiu Ricardo Casasnovas que, com o toiro a arrancar com muita pata, conseguiu reunir bem e concretizar uma boa pega, numa viagem rápida até às tábuas, onde embateu com alguma violência. A encerrar a actuação do grupo, para pegar o toiro mais pesado da corrida, foi escolhido João Leitão, que, após três tentativas em que não conseguiu aguentar a dureza dos derrotes, recolheu à enfermaria. Foi substituído por António Alfacinha, tendo o grupo optado pela pega a sesgo e à meia volta. O toiro repetiu a dureza da investida e saiu com o forcado sozinho na cara, derrotando com violência e só parando no centro da praça. Um pegão monumental de um forcado de eleição que pôs a praça completamente ao rubro.

Pelo Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita iniciou a noite Pedro Brito de Sousa, que citou com calma, a fixar e interessar um toiro algo reservado, mas que arrancou quando quis, reuniu bem de braços, mas saiu com um forte derrote. Consumou à segunda tentativa, numa pega em que aguentou muito e com uma boa primeira ajuda. Gustavo Martins foi o eleito para pegar o segundo do lote deste grupo que arrancou para o forcado mal se virou não conseguindo este a reunião. Ao segundo intento, a tourear bem o toiro e mandando na investida, concretizou uma pega correcta, bem ajudado pelos restantes elementos do grupo. Para encerrar a noite foi à cara Nuno Carvalho que concretizou à quinta tentativa, a sesgo e com o grupo todo em cima, não tendo conseguido aguentar os derrotes do toiro nas anteriores entradas. Apesar de tudo, no final deu volta, o que já se vem tornando usual nas nossas praças.

O Mais e o Menos
+ A primeira lide de Sónia Matias e a pega de António Alfacinha.
- As ajudas no Grupo de Forcados de Évora na primeira tentativa da primeira pega
- As constantes intervenções dos bandarilheiros que se tornaram nos protagonistas das lides a cavalo.
- A entrada e saída de público no decorrer das lides

Sem comentários:

Enviar um comentário