quinta-feira, 17 de março de 2011

Entrevista ao cavaleiro "californiano" Paulo Ferreira

Paulo Ferreira, tem sido um cavaleiro dos mais briosos que alguma vez pisaram arenas da California. Todas as suas actuações pactuam-se pelo profissionalismo, pela honestidade e por dar tudo por tudo para agradar à nossa aficion. Vale sempre a pena vê-lo tourear.

José Ávila - Como é que viste a temporada passada?

A temporada de 2010 para mim foi muito positiva, pois toureei um bom número de corridas e que no geral correram bem. Foi uma temporada onde também consegui estrear 2 cavalos pretos com ferro Ortigão Costa (o Mantorras e o Chibanga ) e também voltar a repartir cartel com uma figura do toureio por quem tenho muito respeito, que é o Rui Salvador. Tudo isto me dá uma enorme satisfação e alegria de estar aqui e muita ilusão de continuar a trabalhar.

Paulo Ferreira - Quantas vezes toureaste e qual foi a tua melhor actuação?

Em 2010 toureei 9 corriddas. A minha melhor actuação... não sou eu a melhor pessoa para falar àcerca disso, os aficionados poderão responder melhor do que eu, pois são eles os meus críticos e o mais importante para mim é a opinião deles. Só sei que em todas as corridas que actuei dei o meu máximo e tudo fiz para que as pessoas saiam satisfeitas com o meu desempenho.

José Ávila - Na tua opinião, qual tem sido a evolução da festa brava na California?

Paulo Ferreira - A evolução da festa brava tem sido a meu ver bastante positiva, pois temos boas ganadarias, temos mais grupos de forcados, temos cavalos de grande nível, quer em qualidade, quer em quantidade e se Deus quiser em breve teremos mais um cavaleiro profissional. Acho que tudo isto é de louvar e agradecer a todas estas pessoas que permitem que isto seja possível. Não só as pessoas que estão envolvidas no espectáculo própriamente dito, mas também a todos aqueles que trabalham em prol da festa brava.

José Ávila - A tua dedicação aos cavalos da Coudelaria Irmãos Martins tem proporcionado a possibilidade de podermos ver cavalos de muita categoria. Fala-nos do teu dia a dia e das tuas preocupações com os cavalos.

Paulo Ferreira - Desde já quero agradecer as suas palavras. Sempre ouvi dizer que nesta vida, para se ter algo de bom, tem de se trabalhar para isso, pois é isso que tenho feito. Tenho trabalhado bastante e tenho colhido bons frutos disso e fico super contente de poder estar a contribuir com algo para a evolução da festa brava na California. O meu dia a dia é montar a cavalo, começando por volta das 7.30 da manhã até cerca das 6 horas da tarde. Faço esta vida já lá vão uns aninhos e cada temporada que se aproxima tenho sempre a ilusão de apresentar algo de novo.

José Ávila - Se tivesses uma varinha mágica, o que é que mudavas na nossa festa brava?

Paulo Ferreira - Agora fez-me rir com esta pergunta, porque de mágico não tenho nada. Mas o que faria era tentar trazer as maiores figuras do toureio a cavalo e do toureio a pé, para que as pessoas aqui pudessem apreciar as grandes figuras do toureio que há neste mundo, pois nós temos muitos aficionados aqui que merecem todo o respeito e era essa a minha prenda que dava a todos eles.

José Ávila - Quais sao as tuas expectativas para 2011?

Paulo Ferreira - Normalmente todos os toureiros têm sempre muitas expectativas no início das temporadas, e eu não sou excepção. É verdade que não é fácil atingir um patamar superior neste mundo, mas tenho a total entrega da minha família e o apoio de alguns bons amigos que me dão força para continuar o meu dia a dia.

José Ávila - Qual e o estilo de toureio que gostas mais? E porquê?

Paulo Ferreira - Eu aprecio todos os estilos de toureio, pois cada um à sua maneira tem formas muito bonitas. Tenho toureios que admiro mais que outros e isso é normal. Aprecio muito João Moura, Pablo Hermozo de Mendoza, Rui Salvador. O Rui quer como toureiro, quer como pessoa, acho que é um exemplo a seguir, pois ser toureiro não é só tourear dentro da praça, é também saber estar fora dela. Tenho um carinho especial também pelo cavaleiro Manuel Jorge de Oliveira, pois foi o único mestre que tive e tudo aquilo que sei devo a ele e estou muito agradecido por todos os seus ensinamentos.

José Ávila - Como é que vês a aficion da California?

Paulo Ferreira - Acho que é uma aficion entendida, pois já sabe bem distinguir quando as coisas são bem ou mal feitas e isso é muito bom, pois exige muitos mais dos toureiros também. Para além disso temos os críticos taurinos que também ajudam a que as pessoas entendam mais ao pormenor todos os detalhes das actuações dos toureiros, o que é muito importante.

José Ávila - Como é que começaste a tourear e porquê?

Paulo Ferreira - Muitas vezes penso como tudo aconteceu mas nem eu consigo compreender. Desde muito novo que adoro cavalos e também de corridas de toiros, mas aquilo que queria mesmo ser era jogador de futebol do Benfica, este era o meu sonho de menino e ainda hoje quando vejo os jogos penso para mim o quanto eu dava para estar ali. Aos 17 anos achei que já não iria conseguir pois havia muito melhores que eu e então decidi voltar para os cavalos. Deixei os estudos aos 17 anos, com o 10º ano de escolaridade e disse ao meu pai que queria montar a cavalo. O meu pai era amigo do cavaleiro Manuel Jorge de Oliveira, telefenou-lhe e tudo comecou no dia 1 de Julho de 1999, quando entrei para a Casa Oliveira para montar a cavalo. Na minha família nunca houve, nem há ninguem ligada a tauromaquia.

José Ávila - A California é o teu presente e o teu futuro?

Paulo Ferreira - A California tem sido o meu passado, é meu presente e se Deus quizer irá ser o meu futuro. Conheci aqui as pessoas mais sérias da minha vida, tenho sido super bem tratado desde o primeiro dia que aqui cheguei, foi aqui que fui recebido quando já me tinham encostado em Portugal, e jamais poderei voltar as costas perante todas estas circunstâncias. Apesar de tudo isto, tenho um relacionamento com as pessoas de grande carinho e respeito, que ano após ano tem vindo a ficar mais sólido.

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