Maurício do Vale
O crítico e apoderado foi um dos convidados para o segundo almoço de promoção do festival ABRIGO. Na qualidade de apoderado de Luís Procuna e também em representação do jornal Correio da Manhã, o prestigiado crítico deu-nos a conhecer várias curiosidades e a sua opinião sobre este espectáculo e também algumas novidades da temporada taurina que se avizinha.
Qual a sua opinião relativamente ao Festival da Abrigo e à causa que representa?
Tudo o que apoia crianças é algo que deveria merecer todas as atenções.
A festa dos toiros é um parceiro histórico destas causas em todo o mundo e sempre esteve a par deste lado de mecenato social. Aliás, já foram vários os toureiros vítimas mortais quando toureavam graciosamente para apoiar estas causas, como é o caso do cavaleiro Quim Zé, que toureou no dia do seu 21º aniversário num festival realizado no Campo Pequeno a favor do Orfanato Escola Santa Isabel, e que foi colhido por um toiro de Rio Frio do Engº Samuel Lupi, vindo a falecer devidos a esses ferimentos.
Isto só reforça a ideia de que nestes festivais os artistas, que actuam de forma altruísta, também correm riscos.
Nesse caso vê com bons olhos a participação de Luís Procuna (que apodera) neste cartel?
Desde a primeira hora que apoio a participação do Luís neste tipo de causas. Aliás, é já o segundo festival que toureia este ano, tendo actuado também graciosamente em Mourão a favor dos Bombeiros locais, no festival já tradicional para esse efeito.
Devo aliás, parafrasear a Abrigo e afirmar que “a festa dos toiros pode continuar a ser um excelente abrigo para as causas que dela necessitem”.
Tal como vinha dizendo, a festa dos toiros, é, todo o ano, um parceiro das causas sociais, senão vejamos que muitas praças de toiros portuguesas são propriedade de Misericórdias, para quem necessariamente se contribui. É intrínseco que a festa dos toiros seja parceira das causas sociais.
E isto também é importante para a festa?
Sem dúvida que sim. Recordo-me, por exemplo, de em miúdo ter assistido a um festival no Campo Pequeno que muito me marcou como aficionado. Nessa altura as bancadas encheram para apoiar o então chamado “Banco de Olhos”, e ver tourear a pé o Raúl Solnado e o mexicano Cantiflas (que aliás toureava magnificamente a pé).
O Festival da Abrigo deve merecer o crédito dos aficionados?
Este festival tem um ambiente extraordinário e cartéis de nível superior sendo já tendo já um grande prestígio. Como tal tudo se conjuga para ser uma grande tarde de toiros em especial na sua vertente solidária, o que é um sucedâneo da política de cultura que se está seguindo neste país através dos respectivos ministérios.
Sabemos que este ano mantém várias relações de apoderamento, quem representa nesta temporada?
Em parceria com o José Luís Gomes este ano tenho cinco apoderamentos com o Luís Procuna, o praticante Mateus Prieto, a cavaleira Ana Baptista – que durante doze anos apoderámos e que voltamos agora a representar, e, a jovem praticante Ana Rita.
Que novidades há para este ano nas carreiras dos artistas que apodera?
Para já posso adiantar que a Ana Rita, que até agora se sagrou triunfadora em Atarfe, vai tomar alternativa em 22 de Julho na Corrida TV Norte na Póvoa do Varzim.
Quanto ao Luís Procuna estamos a tratar de tudo para que se concretize este ano a confirmação da alternativa em Madrid, a qual é rodeada de grande importância como sabemos.
Também quanto ao Luís Procuna esperamos uma temporada alargada ao México, Perú e Venezuela, este último onde será repetente porque já lá conquistou dois dos mais importantes troféus (S. Jaime e S. José, em Valência - Venezuela).
O Luís Procuna é já um mediático executor do tércio de bandarilhas, é expressão suficiente para a uma carreira de matador?
Quanto a essa questão tenho uma opinião muito própria e que merece reflexão. Dizia-se de Victor Mendes que em Portugal não lhe davam o devido respeito porque atingia um nível muito elevado nas bandarilhas para depois diminuir nos tércios seguintes.
Diz-se isto de todos os matadores que bandarilham mas não é, de todo, verdade. O que acontece é que de facto o público se entrega de uma forma explosiva a este tércio.
Se medíssemos esse impacto, veríamos que o fulgor e a expressão do público decresce no decorrer da lide em função da própria espectacularidade do tércio. No entanto, comparativamente às lides de outros matadores que não bandarilhem o volume de expressão do público será exactamente igual, na medida da qualidade da lide em qualquer dos tércios.
Isto significa que não é o toureiro e a qualidade do seu toureio que decresce nos tércios subsequentes mas sim o entendimento do público quanto à faena em si.
Por este motivo, custa-me ler, como muitas vezes acontece, que as lides Luís Procuna vêm a menos com o tércio de capote e muleta, porque na verdade não é nada disso que se passa. O Luís é um toureiro completo e de certo e vai, com o tempo, ser um facto consumado.
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