segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma reinauguração com bons augúrios

- Praça de Toiros: Carlos Relvas em Setúbal
- Data:
30 de Julho de 2011, às 22:00

- Empresa: Aplaudir
- Organização: Aplaudir
- Ganadaria: Conde de La Maza
- Cavaleiros: António Ribeiro Telles, Manuel Lupi e Duarte Pinto
- Grupos de Forcados Amadores: Amadores de Setúbal e selecção de Forcados do distrito de Setúbal, capitaneados por António Mirrado e João Pedro Bolota, respectivamente
- Assistência: meia casa forte
- Delegados da IGAC: director o senhor António Santos, assessorado pelo médico veterinário Dr. Patacho de Matos.
- Banda: Alcochete

Depois de alguns anos de abandono, em boa hora a Aplaudir, de João Pedro Bolota, meteu mãos à obra e recuperou a Praça Carlos Relvas, que agora se reinaugura, com uma corrida onde se pretende ao mesmo tempo, celebrar a sua 122ª época e a memória do aficionado José Pereira dos Santos, a quem a tauromaquia em geral e, a setubalense em particular, tanto ficaram a dever. Durante as cortesias foi guardado um minuto de silêncio em sua memória e no intervalo da corrida, descerrada uma lápide em sua homenagem.
Foi escolhida para a primeira corrida da Feira Taurina das Festas de Santiago, a ganadaria espanhola de Herdeiros de Conde de La Maza, onde corre sangue do encaste Nuñes em quase 90%, no dizer dos proprietários, mas que graças a uma selecção prolongada se pode dizer, que tem um encaste próprio. Possui antiguidade registada em 15 de Agosto de 1963, pastando nos campos de Morlon de La Frontera (Sevilha), em Cortijo “Arnales”.

Os toiros bem apresentados, estavam ferrados com os números 6 e 7, portanto, toiros com quatro e cinco anos e pesos entre os 480 e os.545 kg. À exceção do quinto que tinha mau comportamento, distraído e andarilho, com arreões de manso, todos os outros mostraram bravura, proporcionando um bom espetáculo.

A António Ribeiro Telles que, curiosamente, havia estado presente na última corrida que aqui se deu, coube-lhe o primeiro toiro da noite, o mais pesado e talvez o melhor de todo o curro. Não se cansou de investir, sempre com investidas alegres empregando-se nas sortes. Como é seu timbre, deu ao toiro a lide que ele pedia, sempre de frente e com ferros de grande qualidade; o público gostou e manifestou-lhe esse reconhecimento. No seu segundo, o quarto da ordem, também ele um excelente toiro, António esteve igualmente bem, com três compridos e quatro curtos, de nota superior.

Manuel Lupi teve pela frente dois toiros muito diferentes: no seu primeiro, um toiro muito bom, esteve ao seu nível, bregando e cravando com acerto e recreando-se pondo a praça em alvoroço, tal o modo como lidava e chegava às bancadas, sem concessões, sempre com verdade.
O seu segundo foi o pior da corrida. Aqui houve mesmo quinto mau! Distraido, sempre procurando uma razão para se desligar e quando investia era com arreões de manso. Sem fixação e andarilho. Lupi fez o que pode e mostrou como se pode dar a volta a um toiro sem qualidade. No fim, por exigência do público deu volta à arena.
O toiro que calhou em sorte a Duarte Pinto, parecia ter problemas nos quartos traseiros, manifestando vontade de investir, mas diminuído na sua locomoção, contudo, fruto de muita vontade de fazer bem feito, Duarte levou a água ao seu moinho, diga-se que por vezes com brilhantismo. O público reconheceu-lhe o labor e aplaudiu forte.

Na lide que fechou a noite, Duarte Pinto teve pela frente um toiro que começou por ser distraído, a quem o toureiro soube interessar e fruto da qualidade do hastado e da sua entrega e vontade, assistiu-se a uma lide de muito boa qualidade, com ferros ao estribo, especialmente a quarteio, sempre de frente com muita verdade, dando vantagens ao toiro.

Pela forcadagem, estavam presentes o Grupo de Setúbal e uma selecção de forcados dos grupos do Distrito. O cabo e dois forcados dos grupos da Moita – Amadores e do Aposento -, do Montijo – Amadores e da Tertúlia Tauromáquica – e de Alcochete – Amadores e do Aposento do Barrete Verde.

Abriu praça o grupo de Setúbal, cabendo ao seu Cabo, as honras da reinauguração da praça. António Mirrado citou calmo, deixou-se ver, o toiro arrancou sem fazer mal e o grupo fechou não complicando. Para pegar o terceiro da noite saltou Fábio Caeiro que brindou à selecção de forcados, seus alternantes nesta noite. Mandou na investida, o toiro arrancou sem derrotar, com a cabeça levantada, fez uma viagem bonita e o grupo ajudo coeso. Para fechar a sua actuação, estava guardada a fava! Para o pegar foi escalado Sérgio Espada. O toiro não parava, não dava sítio para a pega, arrancava mal via os forcados, mandava na arena. Arrancava e desbaratava o grupo e fugia. Nitidamente investia para se defender. Depois de um sem número de tentativas, tocou-se para a volta. O toiro encabrestava bem, mas os cernelheiros estavam mais interessados em justificar-se perante o público do que em ir ao toiro, não fazendo sequer uma tentativa. O toiro regressou vivo aos currais.

Pela seleção do Distrito pegou em primeiro lugar Rui Pragana. Perante um toiro bravo, o forcado não complicou e a pega foi vistosa, bem ajudado. Márcio Chapa, pegou o seguinte no que aos convidados dizia respeito. Mais uma pega vistosa, com o toiro a arrancar franco, pelo seu caminho, fechando o grupo com a propósito. No que encerrou praça, Isidoro Cirne, deixou-se ver, citou com garbo, o toiro tardou a investir, mas quando o fez, fê-lo franco com o grupo a ajudar sem dificuldade. De realçar o desempenho de Tiago Ribeiro a rabejar o segundo e o sexto da ordem.

O Mais e o Menos
+ A Empresa Aplaudir, que para além desta, já recuperou mais duas praças: Santo António das Areias e Idanha-a-Nova.
+ A qualidade do curro da ganadaria Conde de La Maza. À excepção do quinto, todos de excelente comportamento e alguns bravos.
+ A entrega dos artistas
- A conjugação da má qualidade do quinto e a falta de experiência do grupo de Setúbal
- Os vendedores que continuam nas bancadas durante as lides, distraindo os toiros algumas vezes.

Fotografia: D.R.

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