domingo, 6 de setembro de 2009

Estremoz: Praça cheia e agradável corrida


Inserida nas Festas da Exaltação da Santa Cruz, realizou-se em Estremoz, a 1ª grande Corrida da revista “In Alentejo”; o evento teve lugar numa praça desmontável, dado que infelizmente a praça fixa continua encerrada,à espera das necessárias obras de restauro, sem as quais as autoridades não autorizam a realização de quaisquer tipo de espectáculos. O slogan desta corrida era mesmo “Vamos levantar a nossa Praça” e os estremocenses e demais aficionados compareceram em muito bom número, enchendo praticamente por completo as bancadas do tauródromo.

Em praça estiveram três gerações de cavaleiros, de estilos diferentes o que é saudável e sempre bom para os gostos dos aficionados.

Maestro JOÃO MOURA, apesar dos mais de trinta anos de carreira veio a Estremoz demonstrar porque é ainda uma figura mundial do toureio equestre, é impressionante ver a vontade e a garra que põe em cada actuação, como de um jovem se tratasse. Na noite de Estremoz teve duas boas lides, a 1ª mais conseguida, dado que o toiro que lhe tocou em sorte cumpriu.Moura andou sempre muito ligado com o seu oponente, bregou como ele o sabe fazer,cravagem correcta e depois os habituais recortes usando o cavalo como se fosse uma muleta. A segunda lide foi de mais a menos, muito por culpa do toiro que cedo se apagou e se parou nos médios, arrancando a muito custo e só com o cavaleiro a pisar-lhe os terrenos; no entanto o ginete de Portalegre não quis defraudar os inumeros fans que continuam a acompanhá-lo e deu-lhe a lide possível.

FRANCISCO CORTES, jogava em casa e por isso a disposição que trazia para esta corrida era só uma , triunfar perante os seus conterrâneos. Logo na 1ª actuação, ao segundo toiro da noite, jogou forte, começando por receber o hastado à porta dos curros, trazendo-o muito bem colado à garupa da montada, um bonito cavalo ferro António Paím, e dobrando-se muito bem já no centro da arena. Rápidamente cravou dois ferros compridos e o alvoroço nas bancadas foi evidente; cravou mais um ferro curto e trocou de montada. O toiro evidenciava já as muito boas qualidades que possuía, era bravo e com codícia, arrancando de pronto para a montada, o que o cavaleiro soube aproveitar, pois deu-lhe distância e primazia na investida, citou de praça a praça e depois com uma batida ao piton contrário , cravou ferros curtos de muito boa nota. A segunda actuação começou num tom mais calmo, boa brega e cravagem em su sitio, rematando a sorte.Voltou a ter materia-prima para triunfo e isso foi acontecendo com o decorrer da lide. O seu toureio impulsivo e contagiante veio ao de cima e os tendidos voltaram a vibrar.Citou de longe e depois partindo para a cara do toiro com velocidade, cravou emocionantes ferros curtos, terminando a actuação com dois ferros de palmo.É pena não vermos Francisco Cortes com mais assiduidade em outros palcos mais importantes, pois a sua raça, entrega e toureio, atraem muitos espectadores.

JOÃO TELLES JR. está em grande nesta sua 1ª temporada como cavaleiro de alternativa, muitas corridas em praças importantes, quer de Portugal, quer de Espanha,e triunfos na maioria delas.Veio a Estremoz depois de na noite anterior ter toureado no Campo Pequeno, em corrida televisionada e portanto vista por milhões de espectadores; no entanto a disposição era apenas triunfar e dar seguimento aos êxitos já conquistados.Teve azar com os dois toiros que lhe couberam por sorteio. O 1º (terceiro da corrida) era encastado e depois de receber a ferragem comprida começou a parar-se e quando recebia o ferro investia de cara alta tentando colher a monta- da, para de seguida dar fortes arreões para apanhar despre- venido o jovem cavaleiro que nunca perdeu os papéis.Boa brega e entrada correcta para a cravagem dos ferros.Voltou a fechar a actuação com a habitual sequência do ferro de vio- lino, seguido do de palmo, montando o “Orey”.A encerrar a corrida, Telles Jr. lidou um manso, que não lhe deu facilida- des, mas os toiros mansos também têm lide, e foi isso que o ginete da Torrinha fez. Voltou a demontrar o seu bom sentido de lide, e a escolha acertada dos terrenos onde depois com uma ligeira cambiada deixava a ferragem da ordem.

O jovem cavaleiro amador MIGUEL MOURA actuou também nesta corrida, lidando um novilho da ganadaria de seu pai, João Moura.Foi uma lide agradável, dado que o novilho criou muitas dificuldades ao mais jovem da dinastia Moura; começou andarilho, não se fixando para que o cavaleiro pudesse desenhar bem as sortes,e depois apagou-se, talvez também fruto dos inúmeros capotazos que lhe deram os peões de brega; no entanto o jovem Miguel com a sua graciosidade e juventude, tudo fez para agradar aos presentes, que se deliciaram com bons ferros e os habituais recortes e ladeioscom a montada.

Para as pegas estiveram em praça os grupos de forcados de Montemor e de Portalegre, que tiveram uma noite fácil e sem problemas de maior.O grupo de Montemor comemorava nesta data “70 anos de existencia”, a primeira actuação foi no dia “4 de Setembro de 1939”, e nesta corrida a oportunidade foi dada aos mais jovens; foram caras TIAGO TELLES DE CARVALHO (à 1ª tentativa), ANTÓNIO VACAS DE CARVALHO (à 2ª tentativa), FRANCISCO GODINHO (à 1ª tentativa) e ANTÓNIO DENTINHO (à 1ª tentativa).

Pelo grupo de Portalegre pegaram RICARDO ALMEIDA (à 3ªtentativa),MÁRIO SAMPAIO (à 1ª tentativa) e ANDRÉ RODRIGUES (à 1º tentativa).



O curro de toiros com a divisa amarelo e preto enviado pela Ganadaria de Herdeiros de Cunhal Patrício estava bem apresentado, mas tiveram comportamento desigual,destacando-se o 2º da noite, que foi bravo.



Dirigiu o espectáculo o sr. Lourenço Luzio, assesorado pelo Médico-veterinário Dr. António José Guerra, e a embolação e ferragem foi da responsabilidade do Sr. Luis Campino .

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