domingo, 18 de abril de 2010

Coliseu de Redondo – Tarde Triunfal


Foi auspiciosa a abertura da temporada 2010 no bonito e funcional Coliseu de Redondo, pena foi que não se registasse uma grande entrada de público, pois o cartel montado pela organização da corrida (Associação Tauromáquica Redondense)era bastante atractivo e competitivo. Os que estiveram presentes (+ de meia-lotação), não deram por mal empregue o dinheiro dispendido, foi uma corrida com emoção, muito bom toureio a cavalo e pegas limpas.

JOÃO MOURA apresentava-se pela 1ª vez neste remodelado tauródromo, e mais uma vez demonstrou o porquê de ao fim de 40 anos de toureio, ainda continuar como primeiríssima figura. É impressionante ver a garra, e o empenho que coloca nas suas actuações, como se ainda fosse um jovem em inicio de carreira. Duas actuações de muito valor; na 1ª, o toiro que lhe tocou em sorte ( ganadaria Lupi) e que cumpriu, era nobre e sonso, transmitindo pouco e aliado ao facto de o público ainda estar um pouco frio, a lide decorreu num tom morno. Começou por deixar dois bons ferros compridos, com boa brega. Depois montando o “Merlin”, cravou uma sucessão de curtos, sempre muito bem rematados, com o habitual ladeio da montada, bem junto do toiro .Fechou a actuação com um bonito ferro de palmo, numa altura em que o astado já vinha a menos. A sua 2ª lide foi triunfal, Maestro Moura “veio por todas”, e pôs de pé as bancadas, ao realizar uma soberba actuação, a um manso e difícil novilho/toiro de Rio Frio, que fugia da pellea. Entrega total, com uma brega irrepreensível, sempre bem perto do toiro e depois entrada de frente e com ligeira batida ao piton contrário, deixou ferros curtos de muito mérito; destaco o 3º, soberbamente rematado por dentro e em terrenos de tábuas.

MANUEL LUPI toureou também pela 1ª vez neste Coliseu, e também triunfou forte, nomeadamente na sua 2ª actuação. Recebeu bem o seu primeiro toiro, dobrando-se com ele nos médios, para depois citar de largo e provocar a investida ao seu oponente que se distraia e descaia para tábuas .Nos curtos teve de porfiar bastante para as coisas resultarem, dado que o toiro apenas tinha meias-investidas; citou em curto e entrando em terrenos de compromisso os ferros curtos causaram frisom nos tendidos. Destacam-se o 3º e 4º, bem como o de palmo, com que encerrou a actuação. O seu segundo toiro, que teve uma saída airosa à praça, foi sem dúvida o melhor da tarde, bravura e nobreza, subindo ao castigo, e Lupi aproveitou-o muito bem, desde o inicio da lide; voltou a recebê-lo, dobrando-se muito bem nos médios, e cravando-lhe dois bons compridos, rematados a preceito. Depois com duas montadas diferentes, para os curtos, o nível artístico atingiu patamar elevado. Boa brega, boa equitação, e citando em curto, quer a quarteio, ou com ligeira batida ao piton contrário, sucederam-se grandes ferros curtos, sempre bem rematados, que causaram alvoroço ao público presente. Um triunfo que neste inicio de temporada dará com certeza muito alento e força, a este ainda jovem cavaleiro, mas já com provas dadas, de que poderá ser figura nesta arte de marialva.

TIAGO CARREIRAS cavaleiro praticante, voltava a esta praça, depois de na temporada anterior ter deixado muita boa impressão, aquando da sua actuação, e efectivamente voltou para triunfar e conseguiu. Tal como aconteceu com os seus dois alternantes, foi na 2ª actuação que o triunfo aconteceu. Ao seu primeiro toiro, deu-lhe uma lide com altos e baixos, em que algum desacerto na colocação da ferragem e o facto de o cornúpeto vir a menos, tirou algum brilho à actuação; no entanto vimos muita força de vontade por parte do jovem cavaleiro, em fazer as coisas bem feitas.Com o sexto da tarde, apareceu o triunfo, e diga-se desde já que o toiro não era nada fácil, pois revelou-se um manso encastado, que de inicio na ferragem comprida mostrava-se algo distraído, e bastante parado. Carreiras saiu para os curtos, montando o craque da quadra o “Quirino” e a agitação entre as bancadas fez-se notar. Logo no 1º ferro o tom subiu, mas na cravagem do 2º o toiro sentiu o ferro e parece que se transformou, começando a acometer com impeto na montada, colhendo-a uma das vezes com bastante violência. Veio ao de cima o valor do jovem cavaleiro, que não se intimidou e continuou a cravar ferros emocionantes, rematando-os com o cavalo a recortar-se muito bem na cara do toiro. Os presentes levantavam-se dos seus lugares e aplaudiam o que se passava na arena, e obrigavam o cavaleiro a deixar mais um ferro, saindo o ginete debaixo de forte ovação.

Os grupos de forcados presentes nesta corrida, tiveram a tarefa facilitada, dado que os toiros não lhes criaram grandes dificuldades, investindo quase sempre a empurrar e sem darem grandes derrotes, daí terem sido consumadas sempre à 1ª tentativa, as pegas realizadas. Por Vila Franca de Xira, pegaram o cabo RICARDO CASTELO, seu irmão PEDRO CASTELO E MÁRCIO FRANCISCO. Pelo grupo do Redondo, foram caras NUNO FITAS E JOÃO AZARUJA, esta a melhor pega da tarde, dado que o toiro derrotou de cara alta, com o forcado a aguentar e a fechar-se muito bem, até o grupo ajudar. De referir que o sexto toiro da tarde desembolou se do piton esquerdo, e fazendo cumprir o Regulamento, o director da corrida, não permitiu a sua pega, daí resultou que este grupo tivesse apenas efectuado duas pegas.

Dos campos de Alcochete, Herdade da Barroca D’Alva, vieram os seis toiros lidados, três com ferro e divisa de José Lupi e outros tantos com ferro e divisa de Rio Frio, de encastes e idades diferentes, que estavam bem apresentados, mas que deram jogo desigual, destacando-se o 1º e o 5º (ambos José Lupi)). Os pertencentes a José Lupi traziam o algarismo 6 na idade, e os de Rio Frio o algarismo 7, tendo os seus pesos oscilado entre os 560 e 460 Kg.

No final da corrida, o jovem cavaleiro amador MIGUEL MOURA, lidou um novilho da ganadaria de seu pai, e esteve bastante bem com o mesmo. De inicio sentiu alguma dificuldade, dado que o seu opositor era incómodo e saiu com muita pata, mas aos poucos o mais jovem da dinastia Moura foi deixando aquele olhar tímido e franzino, e deliciou os presentes com momentos de bom toureio a cavalo. Partiu sem medo, sempre de frente para a cravagem da ferragem da ordem, e rematando-a com recortes e ladeios. Fechou com ferros de palmo, sempre muito acarinhado pelo público. Este novilho foi pegado por um misto de forcados dos dois grupos, sendo cara HUGO FIGUEIRA, do grupo da casa, que não teve dificuldade em consumar a sorte à 1ª tentativa.

Dirigiu com acerto o espectáculo o Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo médico-veterinário Dr. João Infante.

A Banda da Sociedade Filarmónica Municipal Redondense abrilhantou a corrida.


1 comentário:

  1. Valeu a pena a deslocação de Estarreja ao Redondo, pelos amigos e pela Tourada.
    A primeira tourada dos meus filhos de 6 e 8 anos, foi um espectáculo inolvidável.
    Grande coliseu do Redondo, num fim de tarde/noite em que o Senhor João Moura foi Rei.

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