segunda-feira, 5 de abril de 2010

Gestoiro ganha aposta em Alpalhão


Aposta arrojada e consequentemente ganha, aquela que a Empresa Gestoiro fez hoje em Alpalhão, com um cartel de primeira categoria em que o público correspondeu enchendo praticamente por completo a praça Alpalhoense.

Era homenageado de forma póstuma o Ganadero Rodolfo André Proença, tendo saído á praça um bem apresentado curro da sua ganadaria, que trazia o algarismo seis na espádua e que cumpriram na generalidade, não dificultando em nada o labor dos cavaleiros e forcados, pecaram apenas pela escassez de força de alguns exemplares, no entanto aquilo que lhe faltava em força sobrava-lhe em nobreza.

O Maestro João Moura mais uma vez entrou em praça com uma vontade de triunfo que me leva a crer que é praticamente inesgotável; na primeira lide a pouca transmissão do astado levou a que João Moura tivesse que colocar da sua parte aquilo que faltava ao toiro, o resultado foi uma enorme lide com ferros de grande nota, sendo de destacar o segundo comprido e o quarto ferro curto. Mas a tarde era de competição e foi efectivamente isso que se passou; no seu segundo a lide teve mais transmissão para as bancadas, sendo que apenas com a brega anterior ao primeiro curto, escuta logo forte ovação. O terceiro ferro curto é de antologia. “Os Aficionados” entoavam o pasodoble “Puerta Grande” que dava também nome a uma lide digna desse mesmo nome; crava mais três curtos de grande nível, estava traçada uma grande actuação em que o cavaleiro esteve sempre na cara do seu oponente, com uma ligação profunda e emocionante; dá volta debaixo de grande ovação na companhia dos três filhos do ganadero Proença, com chamada para segunda volta que agradece nos médios.

Rui Fernandes é mais um cavaleiro que “não brinca em serviço”; mas esta tarde além do oponente natural, teve também na pessoa do Director Sr António José Martins, um certo entrave ao seu trabalho, de forma inesperada e despropositada a meio da primeira lide dá-lhe um aviso porque o cavaleiro estava cravando ferragem “á Espanhola” sem que para isso lhe tenha pedido autorização, marcando assim mais uma página negativa e triste do “filme das bandarilhas” que de tanta indecisão e contradição já começa a enjoar; na segunda lide do Rui mais uma vez o Director chama a si o protagonismo (ouvindo forte bronca) não permitindo ao cavaleiro mais um ferro curto que o público (soberano) pedia de forma bastante efusiva e justificada. No seu primeiro vimos um cavaleiro que justifica os grandes triunfos que já colecciona nesta abertura de temporada, tanto em Portugal como em Espanha; perante um toiro que sendo nobre lhe faltava alguma força e transmissão, facto que o cavaleiro resolveu com os fortes argumentos que possui. No quinto da corrida, vem por todas e recebe á porta gaiola cravando-lhe dois compridos de estalo, nos curtos seguiu com a mesma categoria, rematando alguns deles com a famosa pirueta, termina com um quinto curto de elevado quilate; escuta grande ovação com pedido para uma segunda merecida volta.

Moura Caetano não se deixou intimidar pelos colegas de cartaz, e começa com uma lide bastante acertada, resultando de forma bastante interessante; no último da corrida houve sortes de grande nível artístico, algumas injustamente pouco valorizadas pelo público menos “atento”; os compridos ficaram-nos na memória, fazemos apenas um pequeno reparo que julgamos construtivo: com uma pequena afinação e cuidado na ligação entre as sortes, decerto o resultado será elevadíssimo, pois apesar deste cavaleiro nos brindar com verdadeiros momentos de explosão artística, fica a faltar por vezes esse tom de continuidade que provoca ainda mais arrepios e permite triunfos indiscutíveis.

Os cabos apostaram no futuro, e não se arrependeram de ter dado oportunidades á rapaziada que agora está a iniciar; por Montemor pegaram António Vacas de Carvalho e Francisco Borges a primeira tentativa, e Manuel Ramalho que na primeira tentativa sofre forte embate, e na segunda com alma e garra enorme, executa uma enorme pega em que as ajudas falharam mas o forcado teve vontade e braços de sobra para executar a pega da tarde.

Pelos de Portalegre pegaram o Ricardo Almeida e o Miguel Zagalo á primeira tentativa, e o José Ferreira á segunda tentativa.

Esteve em dia menos feliz o Sr Director António José Martins, dirigindo com excesso de zelo e falta de bom senso. Foi coadjuvado pela Médica Veterinária Dra Francisca Claudino. O Sr José Paulo tratou da embolação com o profissionalismo que nos habituou.

Sem comentários:

Enviar um comentário