quarta-feira, 11 de maio de 2011

A OVIBEJA E A CULTURA TAURINA

Com organização da responsabilidade do recém criado Círculo Taurino do Alentejo e integrado na série de conferencias projectadas para a 28ª Ovibeja, A Grande Feira Agrícola do Alentejo, realizou-se na passada sexta-feira, 6 de Maio, no Auditório da ExpoBeja um colóquio sobre o tema “ Toiros Em Portugal “. A integração deste tema pela segunda vez na agenda temática da Feira vem, de maneira insofismável, reforçar a grande ligação da Festa de Touros à Terra e às suas Gentes.

Constituíam o painel de oradores sob a moderação de Joaquim Fialho os Senhores António José Zuzarte, Álvaro Domec, Francisco Moita Flores, João Patinhas e Joaquim Grave. Por motivos alheios à organização não puderam comparecer os Senhores Zuzarte e Domec.

Iniciou a cessão o Senhor João Patinhas, forcado de referência, e antigo Cabo Fundador do Grupo de Évora. Centrou a sua intervenção como Homem da Jaqueta de Ramagens e a sua experiência aquém e além fronteiras, designadamente no México onde foi recentemente homenageado e o grande carinho e admiração que o Povo Azeteca nutre pelos Forcados Portugueses.

Seguidamente o Dr. Moita Flores começou por manifestar o seu apreço pela cidade de Beja, terra onde fez parte dos seus estudos e onde se encontra muito ligado afectivamente. Com a fluência oratória e desassombro que lhe são apanágio criticou a falta de coragem política para falar de toiros e cavalos que se apoderou de uma certa intelectualidade urbana que está cada vez mais dissociada dos verdadeiros problemas da Terra e do desequilíbrio que se acentua entre o interior e o litoral. Salientou ainda que as Praças de Touros se encontram entre os vários símbolos que caracterizam as nossas cidades pelo que se impõe que sejam preservadas a todo o custo. Referiu ainda a colaboração que lhe foi prestada pela família Ribeiro Telles na luta que travou para manter a Monumental Celestino Graça em pé. Terminou afirmando que a Festa Brava e os Direitos do Homem e da Terra fazem parte da Identidade Nacional e que o Toiro e o Cavalo cruzam a existência do Homem desde os Tempos mais Imemoriais.

A finalizar o capítulo das intervenções o Dr. Joaquim Grave com uma simplicidade impressionante brindou-nos, na sua qualidade de Ganadeiro e Médico Veterinário, com uma autentica lição de conhecimento do Touro Bravo que foi desde o seu nascimento e os desvelos com que é tratado pela Vaca Mãe, passando pelas mordomias de que é alvo no campo e a pura liberdade de que desfruta durante quatro anos, terminando a sua vida numa luta que é afinal a sua realização e que pode até constituir, mercê das qualidades que apresentar, motivo para perenidade da sua existência. Tudo isto faz parte de dois períodos distintos da sua passagem pela terra, um privado e outro público. Terminou salientando que a Festa de Touros faz parte do Património Cultural do Sul da Europa pelo que não pode ser menosprezada. Referiu ainda o respeito que deve existir pelo Touro Bravo e necessidade que, como tudo na vida, a Festa Brava tem de evoluir para que possa continuar a existir.

No final estabeleceu-se um interessante diálogo entre a numerosa assistência que preenchia quase por completo a sala e os elementos da mesa e que levou ao esclarecimento dos múltiplos problemas que afectam a Festa.

No final a assistência saiu visivelmente satisfeita e desejando que eventos como estes se repitam a bem da Tauromaquia Nacional.

Sebastião Valente, em 6/5/11

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