segunda-feira, 15 de junho de 2009

Santarém: Dia de pouca "Raça"!!



Cheia até á bandeira, a Monumental Celestino Graça tem um encanto único!
Foi a melhor forma de mostrar que “a Raça” gosta de toiros, vai aos toiros, embora por vezes não se saiba comportar, como foi visível por várias vezes. De notar que as mais altas individualidades politico-militares, não aguardaram poucas horas para darem também a cara, num exemplo de lusitaneidade, que é o de assistir a uma corrida de toiros, no dia de Portugal, especialmente quando podiam fazê-lo, ali ao lado (nem 50 metros distam) do local onde decorreram as celebrações oficiais, de exterior, do 10 de Junho. Quando se apela ao empenho em nome da Nação, estes senhores são os primeiros a enjeitar oportunidade, de mostrarem envolvimento com a essência da mesma, a sua cultura e ancestralidade. Imaginam o que seria se D. Juan Carlos fizesse o mesmo em “su tierra”....Como dizemos na minha.... Tavó balho armado!!!

Vamos ao que interessa, os bons exemplos.....Moita Flores, Condecorado do dia, Policia, Advogado, Político, Presidente de Câmara e Aficcionado de Sempre e não só desde que tem a Câmara de Santarém. A maior condecoração foi a que, durante o intervalo da corrida, a empresa Aplaudir Lda, a Direcção do Jornal Correio da Manhã, um grupo de aficcionados escalabitanos, os dois Grupos de Forcados da Tarde, A SI 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete a ANGF e os 14000 mil presentes, lhe tributaram e á sua vereação pelos serviços prestados em prol da Monumental Celestino Graça, da Festa em Santarém, da Festa em Portugal.

Quanto á corrida em sí, que foi também a já carismática do Jornal Correio da Manhã, não foi a desejada. Faltou transmissão aos irrepreensivelmente apresentados exemplares saídos da Herdade da Pina. Na generalidade deixaram-se tourear com facilidade, de meias investidas, sem incomodar demasiado, ou criar dificuldades em demasia, nem querenças acentuadas, mas também não emprestaram emoção, motor, transmissão de perigo que é o picante da festa.

João Moura, voltou á Praça da sua histórica alternativa, depois de na época dos 30 anos de comemoração da mesma, tal não ter acontecido. O público Ribatejano ainda tem Moura no seu coração, viu-se pela forma como o acarinhou e recebeu no inicio da lide e durante as mesmas. A primeira de comodidade, permitiu ladeios, bregas em cima, colocações em ladeio, sem dificuldade, chegou ao público com facilidade. A nós chegou-nos mais na segunda, ante um Passanha mais reservado, foi menos impactante mas mais toureiro em ultrapassar com limpeza as dificuldades do oponente. Destaque maior para o extraordinário sesgo com que iniciou a serie de curtos, o melhor da tarde em nossa opinião. Foi fulcral para cortar a tendência para tábuas que o toiro tinha, pois ao cravar um ferro a entrar por ele dentro naqueles terrenos, disse-lhe quem mandava alí e este procurou o centro da arena para se defender,já que não o tinha conseguido em tábuas, o que é melhor para quem lida. Maestria de “tarimba”.

Diego Ventura, andou diligente no seu primeiro. Toiro reservado, nunca se esclareceu muito quanto a voluntariedade, em especial no momento do ferro. Ventura deu-lhe lide correcta, de frente em curto, mostrou doma e conhecimento para os acontecimentos. Esteve Bem. No seu segundo andou bem, no mesmo compasso, até ao momento em que o Passanha se “rachou” caminho de tábuas, antes já as tinha saltado. Então não teve habilidade para tirá-lo de lá sem os bandarilheiros, permanentemente em Praça, se fosse um dos “nossos” caía o Carmo e a Trindade. Cena digna de um amador e não de um rejoneador que esgota praças. Sim esgota Praças, assim como escaldou Santarém (contra isso nada a fazer... o público é soberano, é ele que paga o bilhete), com o já famoso “numero” do Morante a morder no toiro, desta feita em dose tripla, num toiro completamente acobardado e sem a mínima intenção de investir. Continuo a não conseguir classificar isto, mas toureio não é de certeza!! ...Menos mal que desta vez, não houve massacre nos capotes aos toiros por si lidados como viramos em Moura e também a sua relação com o público, foi bem mais simpática. Repetimos, tem matéria para trabalhar, tem doma, conhecimento, é valente, falta um pouco mais de classicismo e sobretudo temple em tudo o que faz em Praça e que tem a ver com toureio, o resto dispensa-se...

Moura Jr, foi o depurador da tarde!! Sobriedade, domínio das circunstancias, conceito de lide, conhecimento de terrenos e muito oficio, muito cavalo e muita rês brava dia-a-dia. Não foi pela porta fácil dos ladeios, por tudo e por nada, andou com limpeza em ambos os Passanhas, guardou dois triunfos que só não foram a mais, porque o picante era pouco. No entanto, claramente o melhor e mais homogéneo da tarde no toureio a cavalo, tendo em conta as duas lides. Apareça por cá mais vezes.....


Em terra de Forcados, foi de altos e baixos a tarde dos protagonistas da Arte. Os Amadores de Santarém “abriram” com o cabo Diogo Sepúlveda à 1ª sem dificuldade, David Romão à 3ª ( o habitual rabejador não mandou nas investidas e reuniões das duas primeiras tentativas, não se fechando com eficiência) e Gonçalo Veloso, aproveitou bem o brilho do Passanha que lhe tocou esteve toureiro e com domínio dos tempos de cite, carregar a sorte, receber e reunir, consumou á primeira uma vibrante pega premiada com duas voltas ao ruedo, com Ventura e justo agradecimento já em solitário ( se calhar a segunda estava a ser pedida só para ele...). Os Amadores de Alcochete, outra terra de Forcados, alinharam quase pelo mesmo diapasão. Ruben Duarte (não mandou nas investidas e reuniões das duas primeiras tentativas, não se fechando com eficiência) à 3ª com ajuda, tal como nas anteriores, abnegada, de João Rei, o cabo Vasco Pinto à segunda com muita sabedoria (no toiro mais complicado, pela forma como investiu a chouto, a medir o forcado e sem abrir galope em ambas tentativas. Interessante o “diálogo” entre ambos durante a pega, um autentico jogo de “rato e gato”. Na primeira o forcado não conseguiu ser mais rápido a fechar-se e saiu “cuspido” já nas segundas). Fechou João Pedro Sousa como uma excelente pega em tudo o que fez desde que entrou até que saiu, da enorme arena da Celestino Graça.

Dirigiu o Sr. César Marinho, acessorado pelo Dr. José Luis Cruz, acompanhado por elementos da IGAC que visitaram a corrida (deixam “ar de” desautorização aos directores de corrida estas “visitas”). Embolação de José Pinto e mais uma boa presença da “Banda de Alcochete”.

Uma nota de apreço pela forma como a empresa Aplaudir Lda, mais uma vez, se preocupou em garantir que todos pudéssemos levar a cabo o nosso “trabalho”, em condições e para bem da festa, mais um exemplo positivo de atitude empresarial moderna e voltada para o futuro.

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