quarta-feira, 19 de agosto de 2009

17 de Agosto na Arruda com triunfo de Ana Batista


Praça de Toiros José Marques Simões, em Arruda dos Vinhos

Data: 17 de Agosto de 2009, pelas 22.00 horas

Empresa: Tertúlia “O Piriquita”Organização: Maestranza, Lda.

Concurso de Ganadarias: Pinto Barreiros, Ruy Gonçalves, Jorge de Carvalho, São Torcato, Nuno Casquinha e Ascenção Vaz

Cavaleiros: Luís Rouxinol, Vitor Ribeiro e Ana Batista

Grupo de Forcados Amadores: Santarém e Montemor capitaneados respectivamente pelos senhores Diogo Sepúlveda e José Maria Cortes

Assistência: 3/4 de casa

Dirigiu a corrida o delegado técnico tauromáquico Sr. Manuel Jacinto

Foram júris para atribuição do prémio bravura em concurso os senhores Dr. José Manuel Lourenço, Rui Bento Vasques e Paulo Pessoa de Carvalho
A tradição da realização de duas corridas em dias seguidos na castiça vila de Arruda dos Vinhos mantém-se firme e depois da casa esgotada da véspera o público voltou a afluir compondo uma excelente moldura humana nesta agradável noite de 17 de Agosto.

De parabéns está a organização em parceria da Tertulia O Piriquita e da empresa Maestranza mas está também a gente aficionada do Oeste e a própria Festa que assim mostra a sua força enquanto manifestação cultural do nosso povo.
Nesta noite anunciava-se um Concurso de Ganadarias com os toiros a merecerem honra de destaque nos cartazes que publicitavam as suas fotografias mas se alguém foi aos toiros por causa das fotografias saiu defraudado uma vez que em termos de apresentação, a maioria dos toiros estava abaixo do desejável, quer no peso quer no trapio, mesmo para uma Praça como a de Arruda na qual obviamente não se espera nem se deseja que se lidem toiros "de Madrid".
Sendo Concurso começamos esta crónica pelos toiros:

O primeiro foi de Pinto Barreiros, anunciaram-no com 540 Kilos que não teria. Estava gordo e tinha bastante trapio pela frente mas não podia com a sua dimensão em especial nos quartos traseiros. Foi voluntarioso nos compridos mas rachou-se cedo procurando refugiu em tábuas. Deixou-se no entanto lidar.

Na pega só saiu quando o forcado entrou nos seus terrenos e não complicou.

O segundo foi do Engº. Ruy Gonçalves. Anunciaram-no com 520 Kilos que não tinha. Estava mal apresentado, magro e sem tipo o que não é costume nesta ganadaria. Foi manso embora se tenha deixado lidar.

Na pega saíu por si com muita pata na primeira tentativa mas nas restantes duas só saiu quando avisado obrigando o forcado a pisar-lhe os terrenos.

O terceiro foi do ganadero da terra Engº. Jorge de Carvalho. Foi anunciado com 530 Kilos. Estava bem apresentado e era um toiro com tipo, baixo e bem feito. No inicio pareceu dar boas indicações mas veio a menos.

Proporcionou uma boa lide e uma boa pega para a qual saíu franco quando o forcado o mandou vir.

O quarto foi de São Torcato e anunciaram-nos com 495 Kilos que estava muito longe de ter. Este toiro, com 5 anos, estava muito magro e apenas a sua cara o ajudava em termos de apresentação. Claramente um animal que não devia sair a nenhuma praça muito menos num Concurso de Ganadarias. Foi um toiro com muito génio, causando emoção nas suas investidas, no entanto acusou a idade em alguns comportamentos nos quais revelou bastante sentido dificultando o labor do cavaleiro.

Saíu com pata para a pega e empurrou com génio.

O quinto foi de Nuno Casquinha. Um toiro fora de tipo, muito alto, magro e com uma cara ofensiva. Anunciaram-no com 550 Kilos que não tinha. Foi um toiro de comportamento sério e cumpridor que esperava o cavaleiro mas que depois se empregava quer na reunião quer no remate dos ferros. Venceu o prémio bravura em disputa tendo a decisão sido aplaudida pelo público. Foi também sério na pega tendo saído quando provocado já nos seus terrenos. Empurrou com franqueza proporcionando uma vistosa pega.

O sexto foi de Ascenção Vaz e foi anunciado 480 Kilos. Era um toiro muito baixo, gordo e com cara de garraio, apresentação também bastante aquém do que se espera para um Concurso de Ganadarias. Revelou um comportamento estranho com investidas bruscas a arrear e igualmente bruscas revelando vontade de fugir para tábuas onde se refugiava mas donde saía o que permitiu uma lide com emoção. Na pega empurrou após a reunião mas quando se sentiu agarrado tentou tirar a cabeça procurando a fuga.
No que diz respeito aos cavaleiros a corrida teve sabores distintos para cada um deles.
Luís Rouxinol apresentou-se no seu registo habitual de toureiro confiante e disposto ao triunfo dando lide a todos os toiros. No de Pinto Barreiros que cedo se refugiou em tábuas teve uma actuação muito esforçada cravando a ferragem da ordem com acerto e o pouco brilhantismo possível. Nos compridos recebeu muito bem o toiro e colocou dois de muito boa nota enquanto o toiro não se rachou. Agradeceu nos médios e por sua iniciativa não deu volta. Um exemplo que devia ser seguido pela maioria dos intervenientes na maioria das lides que mesmo correndo de forma aceitável não merecem o prémio da volta. Dessa forma poupar-se-ia muito tempo e dava-se seriedade à Festa e valor à volta arena que deve ser sinónimo de triunfo coisa que actualmente não é.

No quarto toiro, que tinha génio causando emoção mas também muito sentido Rouxinol valeu-se das suas capacidades para realizar uma lide com bons momentos.

Vítor Ribeiro não esteve nas suas noites e passou pela Arruda sem deixar nada que recordar. No seu primeiro, um toiro manso e com querença nos médios levou vários toques e o momento de maior destaque foi um falhanço num curto que quase o levou ao chão.

No final da lide deu volta à arena, sozinho pois o Forcado não deu, e foi um bom exemplo de uma volta que não devia ter sido dada.

No quinto, o tal que ganhou o Concurso, conseguiu uma lide com melhor nota mas ainda assim lenta, fria e desligada, que não trouxe entusiasmo às bancadas.

Ana Batista foi a triunfadora da noite com duas lides muito aplaudidas. No seu primeiro, que toureou de fio a pavio no mesmo cavalo, a actuação veio de menos a mais, à medida que o próprio cavalo se foi entregando. O toiro serviu e a cavaleira executou um toureio variado, entendendo a colocação do toiro e colocando a ferragem com acerto e vibração.

Ao último da noite, um toiro com acometidas emocionantes mas manso também o soube entender dando-lhe uma lide muito correcta, acertando nos terrenos e partindo para reuniões que trouxeram emoção às bancadas. Terminou com um bom curto e um de palmo bem colocado saíndo debaixo de fortes ovações, em especial do público feminino.
No capitulo das pegas a noite era de encontro dos eternos rivais de Santarém e de Montemor, Grupos que na Arruda fardaram vários elementos da nova geração.
Pelo Grupo de Santarém abriu praça o forcado João Vaz Freire. Mostrou-se bem ao toiro percebendo que teria de provocar a investida já perto pois os terrenos do toiro desde cedo que foram em tábuas. Carregou com acerto e reuniu bem numa pega que o Grupo fechou com prontidão. O forcado agradeceu nos médios com Luis Rouxinol e também não deu volta, num excelente exemplo do que pode e deve ser feito quando se está bem ainda que o toiro nem tivesse obrigado ou permitido estar extraordinário.

O terceiro da noite foi pegado por António Grave de Jesus, um dos nomes importantes deste Grupo e da forcadagem nacional. Brindou ao seu pai para depois revelar calma e serenidade em praça . O toiro partiu de imediato e a pega até pareceu fácil após uma boa reunião e a coesão dos ajudas.

Para fechar, naquela que foi a pega da noite, Diogo Sepulveda escolheu o forcado João Brito que perante o toiro mais sério da Corrida citou com classe, carregou com querer embora o toiro não tivesse investido logo e voltou a carregar mais em curto, tendo depois recuado e reunido para fazer uma viagem longa na qual o toiro desviou a trajectória dos curros para o local do director de corrida. Na viagem, dificil de ajudar, destacaram-se a excelente segunda ajuda de Filipe Almeida e a oportuna recuperação do terceiro ajuda Filipe Falcão. Deu volta e foi chamado aos médios.
Pelo Grupo de Montemor pegou em primeiro lugar o cara João Braga que após algum desacerto na condução da pronta investida do Ruy Gonçalves não se conseguiu fechar devidamente tendo saído antes de poder ser ajudado. Na segunda tentativa, já com o toiro sem querer sair, o aviso inesperado de um bandarilheiro provocou uma investida que não foi mandada na qual nem houve reunião. Pegou à terceira tentativa com o Grupo a fechar com coesão. Não deu volta, e bem, tendo-se limitado a agradecer nos médios entregando o barrete ao cavaleiro.

O quarto da noite foi pegado com emoção por Manuel Ramalho, um forcado baixo, com um fisico que deu brilhantismo à pega de um toiro sem apresentação mas que empurrou. Esteve bem na reunião o forcado da cara e esteve também bem o Grupo a ajudar.

Fechou a noite o forcado Pedro Barradas, um cara talvez demasiado alto para aquele toiro mas que demonstrou boas maneiras em praça, fazendo-se ver num cite tranquilo e depois recuando com toreria. O Grupo ajudou bem tendo sido uma pena que tenham deixado o toiro cair situação que tirou brilhantismo a uma pega que tinha sido divertida.
O Mais e o Menos da Corrida:

+ O excelente ritmo da Corrida. As actuações de Ana Batista. A pega do quinto toiro por João Brito do Grupo de Santarém.

- A apresentação dos toiros de Ruy Gonçalves, São Torcato, Nuno Casquinha e Ascenção Vaz. Os toiros são como os melões mas num Concurso de Ganadarias exige-se que os Ganadeiros apresentem pelo menos toiros com um Trapio que enobreça o nome da Ganadaria de onde vêm.

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