segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Corrida da Feira das Cebolas em Portalegre


- Praça de toiros José Elias Martins, em Portalegre
- Data: 11 de Setembro de 2009, pelas 22.00 horas
- Empresa: Verónicas & Piruetas
- Ganadaria: Ascensão Vaz
- Cavaleiros: João Moura, António Maria Brito Paes
- Cavaleiro Praticante: Tiago Carreiras
- Grupos de Forcados Amadores: de Portalegre (antigos e actuais), capitaneados por Fernando Coelho
- Assistência: ¾ de casa
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo médico veterinário Dr. João Infante.

Tradicional corrida de toiros por ocasião da feira das Cebolas, com um atractivo cartel composto por uma figura consagrada aquém e além fronteiras, um jovem cavaleiro com provas dadas e um cavaleiro praticante que há muito deixou de ser um promessa. Para as pegas, em solitário, actuava o grupo de forcados da terra que, neste ano, comemora 40 anos de existência.

Os toiros, inicialmente anunciados como sendo das ganadarias de Cunhal Patrício e João Moura, foram substituídos por exemplares de Ascensão Vaz, que, com pesos entre os 440 e os 490 kg, estavam bem apresentados. Em termos de comportamento, saíram mansos, muito reservados e a procurarem terrenos de tábuas constantemente, dificultando o labor dos cavaleiros. Destaque para o que encerrou a corrida, o menos mau do curro desta noite.

João Moura abriu praça deixando dois bons ferros compridos, que primaram pela boa colocação. Nos curtos começou por consentir um toque na montada na execução do primeiro ferro, para depois colocar mais três de boa nota, perante um toiro reservado e a defender-se, terminando com um ferro de palmo já com o toiro parado. Na sua segunda lide iniciou com dois compridos em reuniões menos cingidas, tendo o segundo ficado descaído. Nos curtos optou pela colocação precedida de forte batida ao pitón contrário, com viagens lateralizadas. Rematou as sortes com vistosos ladeios à volta de um toiro com muito pouca mobilidade, deixando-o sempre colocado em tábuas, o que obrigou a constantes intervenções dos bandarilheiros.

António Maria Brito Paes, teve pela frente o pior lote da corrida, mas mesmo assim não virou à cara às contrariedades, conseguindo duas lides de muito esforço, com a colocação de bons ferros. Na sua primeira actuação começou com dois compridos sem grande relevo, para depois colocar um primeiro ferro curto de nota alta, com reunião ajustada e de alto a baixo, como mandam as regras do bom toureio. Os restantes foram colocados em sortes sesgadas e com o cavaleiro a ter que por tudo, perante um toiro que se recusava a investir. No final aprestou-se para agradecer nos médios, mas acabou por dar volta a insistência do público. Para a sua segunda lide veio com ganas de triunfar e começou da melhor maneira com dois bons ferros compridos, com destaque para o segundo, de colocação correcta em reunião ajustadíssima e emocionante. Continuou com um primeiro ferro curto de nota alta, quer pelo cite, quer pela reunião e colocação. A partir daí, mudando de montada, “começou” outra lide, com a colocação de mais três ferros curtos sem destaque de maior, dois deles a sesgo e em reuniões menos conseguidas. Terminou com um palmo colocado em terrenos de dentro.

Tiago Carreiras conseguiu duas boas actuações nesta noite, embora um pouco distintas. Na primeira, perante um manso que não se deixava lidar, despachou dois ferros compridos sem história, sendo nos curtos que mostrou o seu bom toureio, apesar da colocação muito defeituosa do segundo ferro. Os outros três foram de boa nota, com destaque para o primeiro pelo primor da sua execução e da sua preparação. No que encerrou praça optou por uma lide baseada em cites em curto e remates vistosos na cara do toiro, sempre muito aplaudidos pelo público. Dos cinco ferros curtos que colocou, mereceram nota bastante positiva os três primeiros, com o quarto a resultar mais aliviado na reunião e o último a cair.

O Grupo de Forcados Amadores de Portalegre, em dia de comemoração do 40º aniversário, foi o verdadeiro protagonista desta noite, com cinco pegas ao primeiro intento, com alguns elementos já retirados a mostrarem que ainda sabem pegar. Para o primeiro saiu Luís Real, que após um cite de largo, a dar vantagens, mandou na sorte e, embora não tivesse reunido da melhor forma, conseguiu, com a sua experiência, corrigir bem e efectuar uma ao pega, bem ajudado pelo grupo. Para pegar o segundo da ordem foi escolhido Francisco Peralta, que, com o grupo bem cá atrás, interessou bem o toiro que se mostrava reservado, entrou-lhe nos terrenos, mas nem assim conseguiu a investida, pelo que desfez a sorte. Mudado ligeiramente de terrenos e avisado pelo capote, o toiro saiu para o forcado a ensarilhar na viagem, este recuou bem e reuniu correctamente para uma muito boa pega, com o grupo a fechar com coesão. Nelson Nabiça foi à cara do terceiro e, após duas tentativas em que não esteve bem a receber, consumou a pega ao terceiro intento, com as ajudas algo carregadas. Destaque para a humildade deste valente forcado a reconhecer prontamente que errou perante os colegas. No final agradeceu nos médios. O quarto da noite foi pegado por Ricardo Almeida que citou com muita calma, mandou bem no toiro e conseguiu uma muito boa pega à córnea, com boas ajudas do grupo. Artur Dominguez saltou tábuas para efectuar a pega ao quinto da corrida. Citou com calma, fixando bem o toiro que se mostrava reservado, entrou-lhe nos terrenos, sacou-se bem, apesar do toiro arrancar com alguma pata, fechou-se muito bem à barbela e conseguiu, quanto a nós a melhor pega da noite, com o grupo, mais uma vez a mostrar muita união e coesão nas ajudas que acorreram prontamente. Fechou a noite de pegas André Rodrigues que citou com o toiro de frente, interessando-o e, apesar de reunir mal, conseguiu emendar-se e consumou mais uma boa pega, com o grupo a ajudar bem.

Por imposição da IGAC – mais uma!!! – antes da corrida de toiros (e não depois como estava anunciado), teve lugar o espectáculo de variedades taurinas com a participação do cavaleiro amador Miguel Moura, que, perante um novilho com muita falta de força, demonstrou as suas boas maneiras e raça toureira, numa lide em que deixou bons pormenores de brega, levando o toiro em vistosos ladeios ao correr das tábuas, debaixo de fortes aplausos do público presente.

Para a pega foi escolhido o jovem André Neves, que, apesar de o novilho sair solto e a ensarilhar, recuou muito bem e reuniu correctamente para uma boa pega, com os restantes jovens do grupo a fecharem com coesão.

O Mais e o Menos
+ A actuação do Grupo de Forcados Amadores de Portalegre.
- O deambular dos vendedores pelas bancadas durante as lides e durante as pegas, a que há que pôr termo, perante a falta de autoridade que neste momento reina nas praças portuguesas a este respeito

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