segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Houve de tudo, de bronca a triunfos


- Praça de Toiros: Amadeu Augusto dos Anjos
- Data: 04 de Setembro de 2009, pelas 22H00
- Empresa: Bravura & Tradição
- Organização: Aplaudir
- Ganadaria: Campos Peña
- Cavaleiros: Rui Salvador, Sónia Matias e Manuel Caetano
- Grupos de Forcados: Amadores de Vila Franca de Xira e do Aposento da Moita, capitaneados por Vasco Doti e Tiago Ribeiro, respectivamente.
- Assistência: Meia casa forte
- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. António José Martins, assessorado pelo médico veterinário Dr. José Manuel Lourenço.
- Cornetim: José Henriques
- Embolador: Estorninho
- Banda: Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro, do Montijo

Dos campos da “Finca” de ‘Hato Blanco Viejo’, nas imediações de Sevilha, a ganadaria de Campos Peña, com encaste Murube – Urquijo e com antiguidade referente a 09/07/1961, enviou um curro de toiros de apresentação irrepreensível com pesos anunciados entre os 640 e os 710 kg, ferrados com os nºs 4 e 5, portanto toiros com 5 e 4 anos.
Embora sabendo que a bravura não se mede em quilos, foi criada a expectativa de uma corrida com presença.
Os toiros investiram, mostrando nobreza e o sentido que a idade lhes dá, pedindo muito trabalho aos artistas.

No início das cortesias foi guardado um minuto de silêncio em memória do cavaleiro José João Zoio, que nos deixou há poucos dias.
Descanse em paz.

Rui Salvador, a quem tinha calhado a fava no que diz respeito a toiros, na sua anterior passagem pelo Montijo, vinha agora com a ilusão de lidar hastados que lhe dessem condições para brilhar.
O primeiro do seu lote, segundo mais pesado anunciado com 705kg e cinco anos, era um Murube nítido, galopando atrás do cavalo sem se empregar, tirou brilho à lide. Após três compridos a testar o toiro, mudou de montada e cravando cinco curtos, sendo os dois últimos dignos de registo, chegou com força às bancadas.
No seu segundo, com 660 kg e quatro anos, cravou a ferragem comprida da ordem, com precisão, fazendo tudo com calma e temple. Mudou de cavalo, cravando de seguida um curto, mas entende que não é aquela a montada que melhor se adequa, e troca novamente. Desenvolve uma lide cheia de temple e calma. Deixou de ser o cavaleiro dos ferros impossíveis passou a se um “lidador”.

A Sónia Matias havia de sair o mais pesado da corrida. Anunciava-se com 710kg e quatro anos.
Não se entendeu com ele, a cavaleira. Na ferragem comprida andou desluzida, com falhanços e falta de sítio. Na curta, o primeiro ferro é uma sorte bem desenhada, mas bate nos outros e cai. O respeitável não perdoa e começam as broncas, tendo atingido o auge quando deixou um ferro na cabeça do toiro, tendo terminado o seu labor com quatro curtos e despedida com uma monumental bronca.
No quinto da ordem, com 670 kg e quatro anos, esteve melhor.
Começou com dois compridos, o primeiro a cilhas passadas e o segundo não partiu. Nos curtos, com outra montada, desenvolveu uma lide que a reconciliou com o conclave. Boas preparações deram origem a ferros vistosos, embora utilizando demasiada velocidade, pelo que as reuniões, às vezes, saem a cilhas passadas. Terminou com três palmitos que o público sublinhou.

Manuel Caetano, o mais jovem da noite, tinha aqui uma oportunidade de ouro, e aproveitou-a.
O seu primeiro, terceiro da ordem, com 640 kg e cinco anos, é bem recebido e parado. Na cravagem dos compridos, mostra-se algo nervoso e atrapalha-se, deixando um primeiro traseirote e um segundo regular. Após trocar de montada, tenta um cambio, mas o toiro vai no engano e sai de sorte. Depois, a quarteio, crava mais três ferros de boa nota, terminando com um violino que, como sempre, o respeitável aplaude.
O que cerrou praça, com quatro anos e 675 kg, é recebido com tês compridos, a cambio, citando de praça a praça. Mau grado a deficiente colocação do segundo, quase na pata, o aguentar uma investida daquelas e só nos últimos instantes definir a sorte, põe o público em alvoroço.
Na ferragem curta, embora abrindo um pouco os quarteios, procura tourear de frente, estando com verdade e descobrindo o que o conclave gosta, cravou três violinos, muito aplaudidos, fechando a lide com uma ovação.

Para enfrentar este monumental curro, perfilavam-se os grupos de forcados Amadores de Vila Franca de Xira e do Aposento da Moita.
Abriram a função os de Vila Franca, com Bruno Casquinha. Citou com calma e recuou com alma, mas o toiro desfeiteou-o já no meio do grupo, que não conseguiu anular os efeitos dos tremendos derrotes. À segunda saiu ao primeiro derrote e na terceira tentativa, mesmo com as ajudas carregadas, o toiro levou a melhor. À quarta tentativa com o grupo todo a carregar, consumou-se a pega. O cavaleiro deu volta, mas o forcado recusou.
Vasco Doti escolheu o experiente Rodrigo Castelo para pegar o terceiro da noite. O cite pareceu pouco tranquilo, com o toiro a fazer feios na presença do forcado; arrancou quando quis, entrou pelo grupo derrotando, mas desta vez, com garra e união, os forcados levaram a melhor, com uma pega de grande valor. Volta para cavaleiro e forcado.
Márcio Francisco foi escolhido para encerrar a actuação do grupo, e em boa hora.
Citou como vem nos livros, mandou na investida, o toiro arrancou pronto, com muita pata e a derrotar. Uns braços de aço, vontade férrea e união do grupo, transformaram este momento em algo de sublime.
Volta para cavaleira e forcado, com chamada do representante da ganadaria.
O forcado, por exigência do público deu mais uma volta em solitário, com chamada final por parte do Márcio, a todo o grupo que participou na pega, numa demonstração de espírito de equipa e anti-vedetismo.

Pelos do Aposento da Moita, e uma vez que o toiro tinha uma bandarilha na cabeça, Tiago Ribeiro decidiu que ele e Bernardo Cardoso iriam tentar a pega de cernelha.
Durante o tempo estabelecido para a pega, não foi possível, sequer, uma entrada ao toiro. Não encabrestava e com sentido, andava sempre por fora. Já depois do segundo aviso, Tiago Ribeiro consegue chegar ao toiro, rabejando, mas o cernelheiro é apanhado e leva um puntaso nas costelas que o deixa em mau estado.
Perante a impossibilidade da pega, e depois de se ter esgotado todo o tempo para o efeito, tentaram a pega de caras, consumada à segunda tentativa com pelo menos 13 (treze) forcados em cima do toiro. A cavaleira não deu volta e os forcados agradeceram nos médios.
Para pegar o quarto da ordem, saltou Nuno Inácio. Citou calmo, mandou e recuou, reunindo a contento. Suportou fortes derrotes, mas o grupo mostrou coesão e fechou-se.
Para terminar a sua actuação, estava guardada uma das melhores pagas da noite.
Nem Nuno Carvalho, nem o grupo conseguiram evitar as consequências dos fortes derrotes, não tendo conseguido consumar à primeira tentativa. Se calhar ainda bem, porque à segunda, a pega foi de levantar a praça. Nuno andou bem, recuou e como que se “alapou” na cara do morlaco. Pareciam um só. O grupo cumpriu com o que o Nuno merecia. Uma ajuda a condizer, para uma das pegas da noite. Volta para cavaleiro e forcado.

O Mais e o Menos
+ A apresentação e comportamento deste curro de toiros.
+ As intervenções de Tiago Ribeiro como rabejador, ao longo da noite
- A ordem de lide afixada no exterior da praça estava errada. Tinha o cavaleiro Rui Salvador a tourear três vezes.
- Os vendedores continuam no seu périplo pelas bancadas durante as lides.
- O comportamento dos forcados do Aposento da Moita. Não deve ser desprimor não pegar um toiro que não tem pega. É mais degradante uma pega feita com treze forcados.
- A falta de meios para que o director faça impor a sua autoridade.

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