O Voto dos Aficionados

Temos dois actos eleitorais à porta. No dia 27 deste mês as Legislativas e a 11 de Outubro as Autárquicas.

O voto livre é a arma dos democratas e por isso nenhum cidadão que preze a sua liberdade deve abster-se de exercer o seu direito de voto. Embora o sistema vigente favoreça uma enorme distância entre os eleitos que exercem o poder político e os eleitores que lhes dão esse poder, embora hoje em dia a palavra valha tão pouco que já ninguém liga às promessas eleitorais, embora enquanto povo andemos descrentes dos nossos representantes, a verdade é que o voto continua a ser o momento certo para afirmarmos as nossas convicções e fazermos as nossas escolhas.

Porque a Democracia tem as suas limitações vale tanto um voto informado como um voto ao deus dará mas é nosso dever enquanto cidadãos realizar um voto responsável e isso só acontece quando procurámos e temos a informação suficiente para saber porque votamos em quem votamos.

É importante que nós aficionados nos informemos e saibamos o que propõe cada partido e cada candidato. Neste sentido é importante sabermos que o Bloco de Esquerda dedica parte do seu programa eleitoral aos animais e neste mesmo programa eleitoral afirma que, se for governo, legislará para acabar com o Circo e com as Corridas de Toiros bem como com alguns tipos de caça.

Neste sentido será importante que por exemplo os eleitores do Concelho de Salvaterra de Magos, terra profundamente aficionada, e única autarquia do Bloco de Esquerda, perguntem à sua Presidente e novamente candidata por este partido qual a sua posição. É Anita contra as Corridas de Toiros, contra as Largadas e contra as Picarias? Vai o Bloco de Esquerda em Salvaterra promover que esta terra se torne Municipio anti-touradas? Se ganhar novamente vai o executivo bloquista desta autarquia tomar medidas contra os toureiros, os ganadeiros e os forcados da terra? Vai o executivo do bloco acabar com as Festas de Salvaterra tal como elas são e com as demais realizações de carácter tauromáquico que se realizam no Concelho? E vai também tentar limitar a Caça? Vai acabar com as Reservas Municipais?

O que fará Anita (a presidente) se o Bloco for Governo (pode sê-lo em coligação e a pasta da Cultura, que rege a tauromaquia, poderá ser uma das pastas que lhes seja entregue)? Estará ao lado da sua municipe Ana Batista ou estará ao lado do seu Partido promovendo o fim das Corridas de Toiros? Estará ao lado dos Forcados de Salvaterra ou contra eles? Estará ao lado dos caçadores do seu Concelho ou contra eles? Estará ao lado dos agricultores e criadores de gado da sua autarquia ou contra eles?

Também será importante saber o que pensam os Candidatos à Povoa do Varzim, onde um iluminado quis acabar com as corridas há bem pouco tempo embora a praça continue a esgotar. E saber o que pensam os candidatos em Viana do Castelo cuja autarquia comprou a praça de toiros. E conhecer a verdadeira posição dos candidatos em Sintra onde surgiram noticias de que a autarquia proibia corridas no concelho embora depois as tenha autorizado. E conhecer também a posição dos candidatos em Setúbal, terra importante, onde a tauromaquia tem vindo a perder fulgor por ausência de novidades e qualidade. E conhecer também a posição dos candidatos pelo Bloco (nomeio este partido por ser o único que se afirma contra as Corridas de Toiros enquanto Partido e não a título individual de alguns militantes) nas terras do Alentejo (terra verdadeiramente aficionada) onde o Bloco tem crescido.

Ninguém sabe, nem nós nem os nossos inimigos, se somos ou não a maioria. Sabemos que somos o segundo maior espectáculo pago realizado ao vivo em termos de número espectadores. Sabemos que a televisão obtém shares muito importantes quando transmite corridas. Sabemos que nos últimos anos crescemos em número de espectadores e em número de espectáculos. Sabemos que as Praças de Toiros remodeladas, em especial a de Lisboa, mas também a de Évora, Elvas e Redondo têm tido uma adesão espectacular. Sabemos que as Praças onde se têm praticado preços de acordo com o momento que vivemos têm tido grandes afluências de público (Santarém e Montijo são os exemplos espectaculares). Sabemos que nos últimos anos tivemos uma grande renovação de toureiros e um aumento substancial de Grupos de Forcados oriundos de diferentes localidades. Ao saber tudo isto sabemos que somos muitos e que cada um de nós tem direito ao seu voto e que esse voto pode e deve influenciar as posições e decisões daqueles que escolhemos para nos governar.

Cabe a cada um de nós saber qual a posição dos candidatos e dos partidos em relação aos temas que achamos mais pertinentes. Eu, que sou aficionado, não voto em quem não respeita a minha liberdade, não voto em quem me quer obrigar a um estilo de vida, não voto em quem pretende legislar sobre aquilo que não conhece, não voto em quem não respeita a cultura do meu povo. Voto nos outros e felizmente entre os outros ainda tenho por onde escolher.