domingo, 15 de maio de 2011

MOURA – Faltou público numa quente tarde de toiros


Em Moura vila “das janelas floridas” a Empresa Gestoiro-Eventos, Lda. realizou-se uma corrida de toiros integrada na XVII Feira do Bovino Mertolengo;

tarde de elevada temperatura e estranhamente ou não, fraca entrada de público (menos de meia casa) com os preços dos bilhetes a serem acessíveis e um cartel de seis cavaleiros, numa mescla de consagrados, e jovens promessas. Poderá dizer-se que foi uma boa tarde de toiros com boas actuações da generalidade dos artistas e um triunfo ganadeiro, pois é de inteira justiça destacar as boas condições de lide, e apresentação, do curro que a ganadaria de S. Martinho enviou.

Abriu o espectáculo o cavaleiro RUI SALVADOR que lidou um bonito e bem apresentado exemplar de pelagem castanha, que denotou pouca força, daí resultarem meias-investidas. Lide séria, com boa brega, mexendo bem com o toiro e citando em curto cravou cinco bons ferros curtos, entrando de frente e pisando terrenos de compromisso.

LUIS ROUXINOL veio a Moura para triunfar, tal como faz em todas as praças onde actua, e mais uma vez demonstrou toda a sua maturidade toureira e a excelente quadra de cavalos que possui. Tocou-lhe em sorte um toiro preto, bragado meano, que revelou boas condições de lide. O cavaleiro de Pegões montou de inicio o cavalo ZeZito, com o qual deixou bons ferros compridos. Trocou a montada e apareceu no Ulisses, um castanho, ferro Vinhas, que é já um craque, e logo no primeiro ferro curto cativou as bancadas, com ladeios junto das tábuas, aproveitando o bom galope do hastado. Seguiu-se uma sucessão de bons ferros curtos, com cites picados e quarteios ajustados, com a ferragem cravada bem no alto e remates templados das sortes. Voltou a trocar de cavalo, para deixar os já habituais ferro de violino, par de bandarilhas a duas mãos e ferro de palmo, com que encerrou com êxito esta sua lide.

O terceiro toiro da tarde, era bonito de estampa, pelagem burraco, sério e muito bem apresentado, transmitindo emoção e RIBEIRO TELLES BASTOS aproveitou muito bem essas características, para também ele ter uma actuação muito boa. Fiel ao seu estilo clássico, sempre com o tricórnio posto, o jovem discípulo da universidade da Torrinha agradou bastante aos presentes; desenvolveu uma brega eficiente, levando o toiro quer pela direita, quer pela esquerda para equilibrar e depois procurando os terrenos correctos, entrou de frente e cravou a ferragem ao estribo, sempre rematada a preceito. Foi também bonito de se ver a boa equitação deste ginete, por vezes com passes de alta escola.

Em quarto lugar actuou a cavaleira JOANA ANDRADE que “saiu por todas”, recebendo sózinha o seu oponente, um toiro negro, que também cumpriu bastante bem, e que saiu com muita pata e a apertar, obrigando a montada a dar o seu máximo para não ser colhida, num inicio de lide bastante emocionante. Cravou de seguida dois ferros compridos regulares e troca a montada para a ferragem curta; aqui as coisas complicaram-se, pois sucederam-se passagens em falso e algumas indecisões, obrigando a amazona a trocar de novo de montada. Prosseguiu a lide, com altos e baixos, alternando o bom com o menos conseguido, pois alguns ferros foram pescados, fruto de sortes aliviadas, mas o esforço e vontade de agradar, estiveram sempre presentes e foi justa a forte ovação que o público lhe tributou no final da actuação.

TOMÁS PINTO cavaleiro praticante, viu o seu toiro inutilizar-se à saída dos curros, com problemas de locomoção nas patas, daí ser devolvido aos currais. Correu-se o turno e depois voltou em último lugar, para lidar o sobrero da corrida, um negro também bem apresentado e de boa nota no capítulo da bravura. Tal como no anterior, recebeu-o à porta gaiola, trazendo-o junto à garupa do cavalo até ao centro da arena, e aí dobrando-se muito bem, com o toiro a tentar colher a montada. Cravou os compridos da ordem e começou mal a série de curtos, pois o primeiro ficou francamente descaído e no segundo falhou a sua cravagem, actos dos quais imediatamente pediu desculpas ao público. Recompôs-se e como é um jovem já com provas dadas, recorde-se que vai tomar a alternativa no próximo dia 10 de Junho em Santarém, depressa se recompôs e a lide foi a mais, com boa brega e ferros com emoção. Terminou com dois violinos, muito aplaudidos pelos tendidos.

O também cavaleiro praticante JOÃO MARIA BRANCO voltou a deixar muito boa impressão, com uma lide muito boa de princípio a fim, a um toiro também de pelagem negro que como os demais também cumpriu muito bem. Muita irreverência, fruto da sua juventude e bom toureio, aliados a boas montadas, deixam antever um futuro promissor a este jovem de Estremoz. Recebeu o seu oponente, de frente para a porta dos sustos e aguentou muito bem a forte investida do mesmo, dobrando-se muito bem e deixando bons ferros compridos.Com a ferragem curta, mexeu bem com o toiro, recreando-se no intervalo da mesma, e deixou sempre os ferros colocados no alto e devidamente rematados. Foi pois com naturalidade que depois do toque do clarim anunciando o fim do tempo da lide, que o público lhe pedisse mais um ferro, muito justamente autorizado pelo director da corrida.

Em salutar competição estiveram três grupos de forcados, S.MANÇOS, MOURA e MONSARAZ, que não tiveram grandes problemas, pois a nobreza dos toiros lidados foi evidente. Pelos primeiros pegaram RUI PELADO à primeira tentativa, fechando-se bem à córnea, com o grupo a ajudar já em terrenos de tábuas. PAULO BANHA apenas à terceira tentativa, consumou a pega, depois de nas anteriores o toiro no momento da reunião ter tirado a cara, e ter uma investida descomposta. Pelo grupo da casa, pegaram XAVIER CORTEGANO que se fechou com decisão à barbela ao primeiro intento, e CARLOS SOTA que também sem dificuldade, e à primeira tentativa, fechou-se também à barbela. Finalmente por Monsaraz, foram caras TIAGO VALIDO que na primeira tentativa foi desfeiteado, por não conseguir fechar-se correctamente de pernas, corrigiu, e à segunda consumou a pega. LUIS RODRIGUES fez uma pega tecnicamente correcta; citou, mandou e recebeu bem, fechando-se à barbela.

Dirigiu acertadamente a corrida o Sr. Agostinho Borges, assessorado pelo médico-veterinário Dr. Matias Guilherme, estando a embolação e ferragem a cargo do popular José Paulo.

Estavam em disputa os troféus para a melhor lide, que foi atribuída ao cavaleiro João Maria Branco, e para a melhor pega, que foi atribuído a Carlos Sota do grupo de forca- dos de Moura.

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