Não é fácil transcrever e contar todo um conjunto de emoções, sobretudo quando delas fazem parte toureiros tão distintos e com formas tão dispares de entender a arte de lidar toiros. Os debates continuarão na tentativa de encontrar o grande triunfador de uma feira com grandes faenas, grandes momentos e conceitos vertiginosamente opostos, todos eles, válidos… A arte nunca reunirá consenso sendo esse o grande e vitalício atractivo do mundo dos touros.
Foram dezassete as orelhas cortadas em dois dias em somente três corridas, poderiam ter sido muito mais tal não era disposição dos oito matadores que por Olivença passaram e que no início de temporada querem deixar bem claro as suas intenções.
Três praças cheias, com especial relevância para a corrida de sábado dia 7 de Março, em que a o cartel de “Agotadas las Entradas” foi colocado na bilheteira ainda o sol estava a romper.
Ambiente inesquecível, céu azul e temperatura primaveril, deram as boas vindas às grandes tardes de toiros.
Olivença (Sábado) Juli, Ainda e Sempre “A Figura”
A escassez de força e o jogo distinto dado pelos toiros da ganadaria de Fuente Ymbro condicionaram em muito o labor da terna actuante em Olivença na corrida de sábado.
Estávamos na Extremadura, mas o cheiro que pairava no ar tinha aroma profundamente sevilhano, lástima que o lote de José António “Morante de La Puebla” não ajudou e apenas se puderam ver pequenos detalhes do vasto cardápio do matador de La Puebla del Rio. Os detalhes e improviso do excêntrico diestro não se podem nunca quantificar ou mesmo qualificar, é de outra dimensão, nada é comparável… Foi injustiçado frente ao astado que abriu praça, um troféu seria mais que justo para tão perfumado toureio, sobretudo quando ao seu alternante Miguel Ángel Perera foi concedida uma orelha pela lide efectuada ao terceiro da ordem. Miguel mereceu, não sabe tourear de outra forma que não para vencer o duelo. Esteve bem frente ao primeiro do seu lote, mas não houve triunfo absoluto.
De triunfo, experiência, toureiria, discernimento e muito mais é feito Julián López “El Juli”. Passados já quase onze anos desde a sua alternativa, Juli é hoje um toureiro maduro e os toiros para si já não guardam segredos. Muita técnica e conhecimento do toiro, deram a Juli e ao público que esgotava a praça de toiros de Olivença a possibilidade de contemplar uma bela e profunda faena que culminou com o corte de duas merecidíssimas orelhas frente ao segundo do seu lote. Muletazos por ambos os pitons, circulares, passes de peito e uma estocada ao segundo intento deram a Julián o passe para a saída em ombros em solitário.
- José António Morante de La Puebla – Ovação/ Silêncio
- Julián Lopez “El Juli” – Silêncio/ 2 Orelhas
- Miguel Ángel Perera – 1 Orelha/ Ovação
Olivença (Domingo – Matinal) – A Arte de Cayetano
Trinta anos depois Juan António Ruiz “Espartaco” mostrou ao simpático e carinhoso público Oliventino que quem sabe nunca esquece. Recebido com forte ovação, acarinhado do princípio ao fim da sua estadia nesta localidade, Juan António cortou uma orelha frente ao toiro que abriu praça, toureando com suavidade e usando poderosas armas técnicas. Frente ao seu segundo passou discreto, mas no ano em que comemora o seu trigésimo aniversário de alternativa, interessava sim celebrar a importante efeméride.
José Maria Manzanares foi autor de duas faenas meritórias com passes de isolada beleza e profundidade. Está repousadíssimo e com uma segurança e maturidade que arrepia. Matou os dois toiros de estocada inteira e premiando o seu sério labor, cortou uma orelha a cada toiro.
Cayetano deixou muito mais que ambiente frente ao terceiro da ordem. Bom toiro e toureiro de estranho entendimento fizeram a dupla perfeita embruxando os tendidos, fazendo soar os mais estridentes olés da manhã. Abriu com bonitas veronicas, brindou ao maestro Espartaco e bordou o toureio. A primeira de muitas séries foi de joelhos cravados no chão, as seguintes foram magistrais, por ambos os pitons, suave, calado, quieto… Houve repetição, boa investida de um toiro que perseguia o engano humilhando. Estocada inteira e descabello valeram ao filho de Paquirri duas orelhas.
É de salientar o bom jogo dado pelo curro de toiros da ganadaria de Juan Pedro Domecq.
- Juan António Ruiz “Espartaco” – 1 Orelha/ Aplausos
- José Maria Manzanares – 1 Orelha/ 1 Orelha com Aviso
- Cayetano – 2 Orelhas/ Aplausos
Olivença (Domingo – Tarde) – Magistral Ponce, Encantador Perera
Excelente o curro de toiros com a marca Zalduendo. O terceiro, quarto e quinto foram ovacionados no arraste.
Quando se vê tourear Enrique Ponce é inevitável sentir que estamos frente a um toureiro que marcou e marcará época, é um Senhor, é uma senão mesmo a Figura que gravou a lacre uma vintena de anos, adquirindo por mérito próprio direito a constar nos livros da história da tauromaquia mundial. Quando se escreve de Enrique Ponce, há que fazê-lo sempre com maiúsculas, tal é a sua importância. A faena que fez ao quarto da ordem só poderá ser intitulada de Magistral. Esteve a gosto e isso sentiu-se. Saboreou e fez-nos saborear uma construção completa de passes, pensados mas interpretados com inteligência e experiência, e isso, isso nunca poderá ser um defeito. Iniciou com perna flectida e pelo piton direito desenhou bonitas séries de toureio em redondo. Não faltaram também séries de naturais candenciados e profundos. Cortou duas orelhas depois de ter cortado uma orelha ao toiro que abriu praça num labor não menos importante. Sacou tudo o que havia para sacar ao toiro de Zalduendo e mais, inventou matéria-prima.
António Ferrera representou o ar fresco de uma corrida séria. De capote esteve alegre e de bandarilhas armou o taco ao cravar os “palos” com alegria e exuberância. Esteve voluntarioso de muleta fazendo no conjunto das suas actuações vibrar os tendidos. Cortou três orelhas.
Temple, arte e quietude foram as palavras-chaves da actuação de Miguel Àngel Perera frente ao terceiro toiro da corrida. Ligação e suavidade na fase inicial da faena com muletazos cadenciados e de muitíssimos quilates abriram caminho a um término de faena de constantes arrepios na espinha quando Miguel cravou os pés no chão e de lá não mais saiu, daí resultando os mais emocionantes muletazos de toda a feira de Olivença. Cortou dois troféus nesta ocasião e mais uma orelha ao toiro que encerrou praça ficando bem patente que não quer ficar apenas na lista dos toureiros de alternativa. Perera está para ficar!
- Enrique Ponce – 1 Orelha/ 2 Orelhas
- António Ferrera – 1 Orelha/ 2 Orelhas
- Miguel Àngel Perera – 2 Orelhas/ 1 Orelha
Foram dezassete as orelhas cortadas em dois dias em somente três corridas, poderiam ter sido muito mais tal não era disposição dos oito matadores que por Olivença passaram e que no início de temporada querem deixar bem claro as suas intenções.
Três praças cheias, com especial relevância para a corrida de sábado dia 7 de Março, em que a o cartel de “Agotadas las Entradas” foi colocado na bilheteira ainda o sol estava a romper.
Ambiente inesquecível, céu azul e temperatura primaveril, deram as boas vindas às grandes tardes de toiros.
Olivença (Sábado) Juli, Ainda e Sempre “A Figura”
A escassez de força e o jogo distinto dado pelos toiros da ganadaria de Fuente Ymbro condicionaram em muito o labor da terna actuante em Olivença na corrida de sábado.
Estávamos na Extremadura, mas o cheiro que pairava no ar tinha aroma profundamente sevilhano, lástima que o lote de José António “Morante de La Puebla” não ajudou e apenas se puderam ver pequenos detalhes do vasto cardápio do matador de La Puebla del Rio. Os detalhes e improviso do excêntrico diestro não se podem nunca quantificar ou mesmo qualificar, é de outra dimensão, nada é comparável… Foi injustiçado frente ao astado que abriu praça, um troféu seria mais que justo para tão perfumado toureio, sobretudo quando ao seu alternante Miguel Ángel Perera foi concedida uma orelha pela lide efectuada ao terceiro da ordem. Miguel mereceu, não sabe tourear de outra forma que não para vencer o duelo. Esteve bem frente ao primeiro do seu lote, mas não houve triunfo absoluto.
De triunfo, experiência, toureiria, discernimento e muito mais é feito Julián López “El Juli”. Passados já quase onze anos desde a sua alternativa, Juli é hoje um toureiro maduro e os toiros para si já não guardam segredos. Muita técnica e conhecimento do toiro, deram a Juli e ao público que esgotava a praça de toiros de Olivença a possibilidade de contemplar uma bela e profunda faena que culminou com o corte de duas merecidíssimas orelhas frente ao segundo do seu lote. Muletazos por ambos os pitons, circulares, passes de peito e uma estocada ao segundo intento deram a Julián o passe para a saída em ombros em solitário.
- José António Morante de La Puebla – Ovação/ Silêncio
- Julián Lopez “El Juli” – Silêncio/ 2 Orelhas
- Miguel Ángel Perera – 1 Orelha/ Ovação
Olivença (Domingo – Matinal) – A Arte de Cayetano
Trinta anos depois Juan António Ruiz “Espartaco” mostrou ao simpático e carinhoso público Oliventino que quem sabe nunca esquece. Recebido com forte ovação, acarinhado do princípio ao fim da sua estadia nesta localidade, Juan António cortou uma orelha frente ao toiro que abriu praça, toureando com suavidade e usando poderosas armas técnicas. Frente ao seu segundo passou discreto, mas no ano em que comemora o seu trigésimo aniversário de alternativa, interessava sim celebrar a importante efeméride.
José Maria Manzanares foi autor de duas faenas meritórias com passes de isolada beleza e profundidade. Está repousadíssimo e com uma segurança e maturidade que arrepia. Matou os dois toiros de estocada inteira e premiando o seu sério labor, cortou uma orelha a cada toiro.
Cayetano deixou muito mais que ambiente frente ao terceiro da ordem. Bom toiro e toureiro de estranho entendimento fizeram a dupla perfeita embruxando os tendidos, fazendo soar os mais estridentes olés da manhã. Abriu com bonitas veronicas, brindou ao maestro Espartaco e bordou o toureio. A primeira de muitas séries foi de joelhos cravados no chão, as seguintes foram magistrais, por ambos os pitons, suave, calado, quieto… Houve repetição, boa investida de um toiro que perseguia o engano humilhando. Estocada inteira e descabello valeram ao filho de Paquirri duas orelhas.
É de salientar o bom jogo dado pelo curro de toiros da ganadaria de Juan Pedro Domecq.
- Juan António Ruiz “Espartaco” – 1 Orelha/ Aplausos
- José Maria Manzanares – 1 Orelha/ 1 Orelha com Aviso
- Cayetano – 2 Orelhas/ Aplausos
Olivença (Domingo – Tarde) – Magistral Ponce, Encantador Perera
Excelente o curro de toiros com a marca Zalduendo. O terceiro, quarto e quinto foram ovacionados no arraste.
Quando se vê tourear Enrique Ponce é inevitável sentir que estamos frente a um toureiro que marcou e marcará época, é um Senhor, é uma senão mesmo a Figura que gravou a lacre uma vintena de anos, adquirindo por mérito próprio direito a constar nos livros da história da tauromaquia mundial. Quando se escreve de Enrique Ponce, há que fazê-lo sempre com maiúsculas, tal é a sua importância. A faena que fez ao quarto da ordem só poderá ser intitulada de Magistral. Esteve a gosto e isso sentiu-se. Saboreou e fez-nos saborear uma construção completa de passes, pensados mas interpretados com inteligência e experiência, e isso, isso nunca poderá ser um defeito. Iniciou com perna flectida e pelo piton direito desenhou bonitas séries de toureio em redondo. Não faltaram também séries de naturais candenciados e profundos. Cortou duas orelhas depois de ter cortado uma orelha ao toiro que abriu praça num labor não menos importante. Sacou tudo o que havia para sacar ao toiro de Zalduendo e mais, inventou matéria-prima.
António Ferrera representou o ar fresco de uma corrida séria. De capote esteve alegre e de bandarilhas armou o taco ao cravar os “palos” com alegria e exuberância. Esteve voluntarioso de muleta fazendo no conjunto das suas actuações vibrar os tendidos. Cortou três orelhas.
Temple, arte e quietude foram as palavras-chaves da actuação de Miguel Àngel Perera frente ao terceiro toiro da corrida. Ligação e suavidade na fase inicial da faena com muletazos cadenciados e de muitíssimos quilates abriram caminho a um término de faena de constantes arrepios na espinha quando Miguel cravou os pés no chão e de lá não mais saiu, daí resultando os mais emocionantes muletazos de toda a feira de Olivença. Cortou dois troféus nesta ocasião e mais uma orelha ao toiro que encerrou praça ficando bem patente que não quer ficar apenas na lista dos toureiros de alternativa. Perera está para ficar!
- Enrique Ponce – 1 Orelha/ 2 Orelhas
- António Ferrera – 1 Orelha/ 2 Orelhas
- Miguel Àngel Perera – 2 Orelhas/ 1 Orelha
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