José Mestre Batista foi sem dúvida um cavaleiro diferente, que revolucionou o toureio a cavalo em Portugal.
Foi Luís Gonzaga Ribeiro, natural de Reguengos de Monsaraz, quem descobriu Mestre Batista e o levou até à alternativa. A 19 de Julho de 1958 e apenas com 18 anos, Mestre Batista marcou a história do toureio a cavalo nacional, ao ver a sua alternativa reprovada, um caso único na tauromaquia portuguesa. Nunca se saberá o que terá levado o júri de então a tal feito, até porque segundo a crítica da altura, Mestre Batista terá tido uma boa actuação. Que diria o Mestre se visse muitas das lides de alternativa de hoje em dia, em que basta aos cavaleiros terem dinheiro ou pais influentes para obterem logo a carteira de profissional?!
Finalmente obteve a alternativa na Moita a 15 de Setembro de 1958 pelas mãos de D. Francisco Mascarenhas.
José Mestre Batista foi um toureiro irreverente, modificou a maneira de vestir passando a usar as casacas mais curtas com bordados diferentes e usava calções de diversas cores por cima de “collants” em vez das habituais meias. Só no uso do tricórnio se manteve imutável. Usou-o sempre. Coisa que hoje em dia é raro pois os cavaleiros só o usam para fazer as cortesias.
Foi um cavaleiro que moveu multidões atrás de si, foi um caso de popularidade extrema. Mas tanto havia aqueles que o amavam como aqueles que o criticavam.
Houve durante muitos anos um caso sério de rivalidade nas arenas entre Batista e Luís Miguel da Veiga. Tendo sido o cartel mais anunciado durante 15 anos. Mas rivalidade só dentro das arenas, porque foram muito amigos.
Diz-se que Mestre Batista era um “rebelde com muito humor”. Nas suas actuações, quer tivesse êxito ou fracasso, reagia sempre da mesma maneira com um sorriso. Facto que por vezes era incompreendido pelo público.
Teve muitas vezes azares com os cavalos, nomeadamente aquando das inundações a 26 de Novembro de 1967 em que alguns dos seus cavalos morreram. Ainda assim Mestre Batista teve forças para continuar e em 5 meses pôs dois cavalos a tourear e com os quais obteve grandes êxitos.
Infelizmente, Mestre Batista padecia de uma doença, asma. E foi essa doença, que hoje até nos parece a 17 de Fevereiro de 1984 em Zafra, o levou da convivência terrestre. Mestre Batista enfrentou tantas vezes a morte à frente dos toiros enquanto lidava, para depois morrer tão estupidamente de um ataque de asma.
Fica ainda muito por dizer. Nunca o vi tourear, mas sei e sinto que o admiro pot tudo o que fez e por quem era. E recomendo a todos os que pouco conhecem de Mestre Batista, que leiam um livro escrito por António Garçoa, seu bandarilheiro e amigo de muitos anos, e que é incrivelmente delicioso por todas as histórias da vida de Mestre Batista.
Mestre Batista para mim e para tantos outros foi um génio. Criador, revolucionário e muitas vezes incompreendido. Só a morte conseguiu travar Mestre Batista. Foi sem duvida um cavaleiro ímpar, que marcou e marca a tauromaquia e a forma como se lida a cavalo em Portugal.
José Mestre Batista foi triplamente Mestre. Mestre de nome, Mestre do toureio e Mestre como homem.
Patrícia Sardinha
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