segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tarde Emocionante na Alternativa de Marcelo Mendes

Vila Franca de Xira, 08 de Maio de 2011

Curro de toiros de Canas Vigouroux em que se destacou pela positiva o 2º (lidado por Luís Rouxinol). A cavalo montou Luís Rouxinol, Vítor Ribeiro e Marcelo Mendes (que tomou a alternativa). As jaquetas foram vestidas pelos Amadores de Santarém e pelos Amadores de Vila Franca.

Numa bonita tarde de Primavera a Praça de toiros Palha Blanco recebeu com as bancadas quase cheias a data que assinala a alternativa de Marcelo Mendes. Foi uma tarde que o jovem toureiro certamente vai recordar durante toda a sua vida, não só por ser a tarde da sua alternativa mas também pelas fortes emoções que se viveram no ruedo. Aguardavam nos currais um curro de toiros de Canas Vigouroux, que salvo o 5º (menos toiro e feio de cara), saíram à arena bem apresentados mas com comportamento desigual.

Como mandam as regras nos dias de alternativa, lidou o 1º da tarde Marcelo Mendes. De pelagem negro mulato, marcado com o nº 205 e nascido em 2007 este Vigouroux marcou na balança 530kg. Saiu com “chispa” nos primeiros lances de capote e deu bom jogo na ferragem comprida, onde se arrancou com prontidão e por direito, possibilitando a Marcelo Mendes citar de praça a praça e deixar dois ferros compridos de boa nota. Adornou a segunda sorte ajoelhando o cavalo na arena, mostrando com isso que vinha para triunfar e dar espectáculo, o público aplaudiu, a Palha Blanco estava “metida” na lide do jovem toureiro. Nos curtos mostrou ofício cravando ferros correctíssimos e chegando mesmo a arriscar-se num violino que levantou o público numa calorosa ovação.

E assim poderia ter encerrado a sua primeira actuação, mas quis o calor da emoção que das bancadas se pedisse mais um ferro, o problema é que já não havia toiro e a boa lide de Marcelo Mendes foi “abafada” pela falta de fundo e alguma mansidão do Canas Vigouroux. Quem esteve mal? O publico por pedir, o Marcelo por aceitar, o Director por conceder ou o toiro por não querer investir? Nunca o saberemos. O que se viu foi um toiro escandalosamente metido em tábuas, levando Marcelo a arriscar de tal maneira que o Vigouroux, quando viu uma oportunidade de alcançar a montada arrancou-se a galope e foi colher o cavalo junto às tábuas, justo no lado contrário do ruedo. Momento de grande perigo. Rapidamente o toiro volta para as suas crenças, os bandarilheiros tentam saca-lo, ouve-se o 1º aviso e por fim lá consegue deixar o interminável ferro de palmo. Um sacrifício este ferro!

Das trincheiras saltaram os amadores de Santarém. Forcado da cara João de Brito, que efectuou uma pega correcta à primeira tentativa, a fechar-se à córnea e com o toiro a arrancar-se pronto e a meter bem a cara no forcado, empurrando até às tábuas.

Menos história teve o segundo do lote de Marcelo Mendes (6º da corrida), um castanho, bem armado de córnea, nascido em 2006, com o nº 199 cravado a ferro em chama e de 510kg de peso. Desde cedo mostrou a sua falta de mobilidade e de transmissão. Sem nunca tomar a iniciativa no desenhar das sortes e sem perseguir a montada depois do consumar dos ferros. Marcelo deu-lhe a lide possível e finalizou com mais um violino, dando a entender que é uma sorte que podemos aguardar do seu reportório. Pena o toiro não ter imposto nenhuma emoção a esta segunda actuação do jovem toureiro. Pelos amadores de Vila Franca, Márcio Francisco consumou uma pega rija ao segundo intento, depois de uma primeira tentativa onde o Vigouroux derrotou com a cara alta, impossibilitando que a sorte se realizasse.

Melhor sorte teve Luís Rouxinol, que lhe saiu o melhor toiro da tarde, o 2º da corrida. Nascido em 2007, marcado com o nº 231, de 505kg, este negro mulato bragado possibilitou a Rouxinol a melhor lide da tarde. A emoção começou ainda antes do primeiro ferro comprido, com um recorte ajustado que deixou a Palha Blanco “metida” na lide. Depois do bastante bom primeiro ferro comprido, o segundo foi consumado com o Vigouroux a tomar a iniciativa, conseguindo Rouxinol cravar um ferro de elevada qualidade o que deixou as bancadas “ao rubro”. Seguiram-se os curtos, mas mais uma vez a emoção começou ainda antes de se cravarem os ferros, com o cavaleiro a templar extraordinariamente bem a “codiciosa” investida do toiro e com isto saiu das bancadas mais uma forte ovação. E seguiram-se quatro ferros curtos de excelente nota, com Rouxinol a carregar as sortes e saindo delas com piruetas que, uma vez mais, deixaram o público rendido a este Maestro do toureio a cavalo. Depois de ouvir o primeiro aviso, encerrou a lide com um violino, seguido de um par de bandarilhas cravado pelos terrenos de dentro. Não se pode pedir mais de uma lide a cavalo!

Para a cara deste óptimo toiro foi chamado Pedro Castelo, dos amadores de Vila Franca. Depois de um primeiro intento onde Pedro praticamente nem chegou a estar na cara do toiro, a pega foi consumada à segunda tentativa, com o forcado da cara a “ir buscar” o toiro a tábuas entrando este “pelo grupo a dentro” e empurrando até às trincheiras, numa pega emocionante. Calorosa volta a arena para o cavaleiro e para o forcado. Ficaram a faltar os aplausos para o toiro.

Muito prometia também o segundo do lote de Rouxinol (4º da corrida), um negro, cornidelantero, nº 230, nascido no ano 2007 e que deu 540kg na balança. Arrancou-se com prontidão nos ferros compridos e assim continuou nos dois primeiros curtos, tomando sempre a iniciativa no desenhar das sortes e Rouxinol “aproveitando-o” bem ladeando com emoção na colocação do toiro em sorte e cravando os ferros “en todo lo alto”. Pena foi o toiro depois de mais um excelente ferro curto (o 3º) revelar a sua mansidão e meter-se em tábuas sem de lá querer sair, por mais que o toureiro o desafiasse. Visto isto, Rouxinol não teve mais remédio que cravar os últimos dois ferros (um curto e um de palmo) com o toiro nesses terrenos, sendo o último dos quais (o de palmo) um ferro muitíssimo arriscado que levantou a Palha Blanco em aplausos. Pelos Amadores de Vila Franca, Ricardo Patusco partiu confiante para a cara deste toiro, que se arrancou com prontidão para o forcado mal este o “carregou”. Fechado à córnea e mais uma fez com o toiro a empurrar pelo “grupo a dentro”, conseguiu assim consumar à 1ª tentativa.

Menos sorte no lote teve Vítor Ribeiro, que lhe saiu o pior da corrida (o 3º), um colorado bragado listón, nascido em 2007, marcado com o nº 213 e de 560kg de peso. Complicou a vida a Vítor Ribeiro do inicio ao fim da lide, demonstrando uma enorme mansidão, com crenças horríveis em tábuas e bastante imprevisível, arrancando-se de vez em quando a galope para o cavalo sem que ninguém o esperasse, o que provocou que as montadas de Vítor Ribeiro levassem alguns toques. O cavaleiro esteve por cima do toiro, tapando-lhe alguns defeitos e desenhando emocionantes quiebros que arrancaram fortes aplausos das bancadas. Quem não conseguiu tapar-lhe os defeitos foram os Amadores de Santarém, aos quais dificultou a vida muitíssimo. À cara foi Diogo Sepúlveda que apenas conseguiu consumar ao quarto intento e já com um ombro bastante mal tratado desde a primeira tentativa. Foi pena a sorte não ter sido concretizada ao primeiro intento, porque caso isso tivesse ocorrido daria uma pega gigantesca!

Também o segundo do lote de Vítor Ribeiro (5º da corrida) não facilitou nada. Feio de cara, também de apresentação foi “o menos toiro” do curro. De pelagem negro mulato, nº 232, nascido em 2007 e de 490kg andou sem emoção nos compridos e revelou crenças depois da cravagem do 2º ferro curto. Víctor Ribeiro deu-lhe a lide possível, cravando ferros de boa nota, finalizou com um de palmo, onde sofreu uma aparatosa colhida mas, ainda assim, conseguindo arrancar fortes aplausos das bancadas. Chegou à pega ainda “muito vivo” e os Amadores de Santarém depararam-se mais uma vez com a tarefa bastante complicada. À cara foi chamado António Imaginário, que depois de três tentativas com o toiro a arrancar-se para o grupo num galope escandaloso, consegue consumar a pega ao quarto intento. Tarde dura para o grupo de Santarém!

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