domingo, 19 de julho de 2009

Campo Pequeno – Grande noite do toureio apeado


- Praça de Toiros: Campo Pequeno em Lisboa

- Data: 16 de Julho de 2009, pelas 22 horas

- Empresa: Sociedade Campo Pequeno, S. A.

- Ganadarias: Passanha (2 touros), Ortigão Costa (2) e Falé Filipe (2)

- Rojoneador: Pablo Hermoso de Mendonza

- Matadores: Victor Mendes (roxo e ouro) e Pedrito de Portugal (vermelho e ouro)

- Grupos de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira capitaneados por Vasco Dotti

- Assistência: Lotação esgotada

- Delegados da IGAC: Delegado técnico tauromáquico Sr. Ricardo Pereira assessorado pelo médico veterinário Dr. Tenório Guerra

- Banda de Música: Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense
Perante um cartel tão apelativo, era grande a expectativa em torno desta corrida, de tal forma que algumas horas antes já as bilheteiras estavam esgotadas. Antes do seu início foi prestada homenagem pública (com entrega de troféus no centro da arena) ao matador de touros José Júlio pela comemoração dos 50 anos de alternativa e ao bandarilheiro David Antunes pelo seu mérito durante a temporada de 2008. O público presente prestou-lhes sentido reconhecimento.
Os touros da corrida eram bonitos na sua apresentação e cumpriram de um modo geral. Destacaram-se pela positiva o 1º de Victor Mendes (Ortigão Costa) e o 2º de Pedrito de Portugal (Falé Filipe).
No seu primeiro touro, Hermoso de Mendonza, desenvolveu uma lide agradável, fiel ao seu estilo de características bem diferentes da arte marialva portuguesa. Perante um touro que foi de mais a menos, o rojoneador navarro cravou bonitos ferros toureando sempre muito próximo da cara do touro, sendo de realçar a boa quadra de cavalos que possui. Já o seu segundo oponente apresentou características que não lhe proporcionaram atingir o nível alcançado na primeira lide. Apesar de Hermozo de Mendonza ter porfiado, a falta de codícia do touro tornava difíceis as reuniões, retirando brilhantismo e emoção à lide. Ainda assim, ficou na retina o seu quarto curto cravado de cima a baixo. É justo referir os elevados padrões de auto exigência do rojoneador espanhol, que apesar da insistência do público, se negou a dar a volta à arena.
Pelo Grupo de F. A. de Vila Franca de Xira pegaram Pedro Henriques (à terceira tentativa, numa valente pega a um touro que atravessou todo o grupo com o forcado sempre bem agarrado à córnea; nas duas anteriores tentativas, o arranque ensarilhado do touro não permitiu a correcta fixação do forcado) e Márcio Francisco (à segunda tentativa, com uma soberba pega, na qual o forcado se agarrou com muita galhardia, demonstrando, mais uma vez, que se encontra em grande forma; é também de toda a justiça referir a boa intervenção do rabejador Carlos Miguel). O Grupo de F. A- de Vila Franca demonstrou ser um grupo valente, unido e sóbrio.
Victor Mendes recebeu o seu primeiro touro com meias-verónicas, verónicas e chiquelinas bem templadas, após o que passou ao tércio de bandarilhas, onde mais uma vez não deixou os seus créditos por mãos alheias, tributado por fortes aplausos do público. No tércio de muleta, desenhou bonitas séries com mando e suavidade ao som de um bonito “passe doble”. Toureando quase sempre pela direita, Victor Mendes teve uma actuação aos seus níveis de outrora. Estaria ainda melhor no seu segundo touro. Depois de um curto tércio de capote, o toureiro presenteou os espectadores com um excelente tércio de bandarilhas, com particular destaque para o último par de poder-a-poder e com o touro a grande velocidade. Com a muleta e perante um oponente difícil, o matador tentou tirar tudo o que o touro tinha para dar. Desenvolveu a lide com grande profissionalismo (saber, garra e empenho), pedindo até a interrupção. Já na parte final da lide foi colhido com relativa gravidade numa perna e depois de recuperado (ainda na arena), galhardamente insistiu em realizar mais uma série. No final escutou fortíssima ovação.
A primeira actuação de Pedrito de Portugal foi curta e sem brilhantismo. Depois de uma bonita série de muleta, o touro começou a desinteressar-se não investindo com nobreza. Nestas circunstâncias, Pedrito abreviou a lide escutando silêncio. O melhor estaria para vir no seu segundo touro. Após uns lances de capote e um excelente tércio de bandarilhas realizado pelos seus subalternos, Pedrito embalou para mais uma lide memorável (à semelhança de outra no Campo Pequeno já esta época). Iniciou a sua faena no centro da arena fazendo o touro passar-lhe por trás e continuou com séries variadas e por ambos os lados onde deixou todo o perfume do seu toureio. Na segunda metade do tércio, Pedrito de Portugal começou a meter-se dentro da cabeça do touro e, como uma estátua, a comandar autenticamente o animal fazendo-o rodar mais de 360º completamente hipnotizado na flanela. Porque toureio é arte e emoção, Pedrito conjugou as duas vertentes na perfeição com toda a filigrana do seu toureio.
O Mais e o Menos

+ As segundas lides de Victor Mendes e de Pedrito de Portugal

+ O comportamento do público

- Nada a referir

Sem comentários:

Enviar um comentário