terça-feira, 14 de julho de 2009

A tristesa da nossa Festa


Artigo de Opinião

No dia 24 desloquei-me a S. Marcos do Campo para ali poder assistir à inauguração da estátua de homenagem ao cavaleiro José Mestre Batista. Pelo caminho que bom foi recordar os espectáculos tauromáquicos a que já assisti em Terena, Montoito, Redondo, Aldeia da Venda e Reguengos de Monsaraz (agora com a praça toda pintada, como gostava o Zé Agostinho), terras do nosso Alentejo profundo de casas soalheiras, pintadas de branco e ocre, onde o clima muitas vezes fustiga o povo já habituado a sofrer os custos da interioridade.
Em S. Marcos, senti os anos que ando nestas andanças dos toiros, e como por breves momentos em frente à imponente estátua ali erguida recordei algumas das actuações de José Mestre Batista. A tristeza essa veio depois, quando entre a moldura humana de gente simples, como era Batista, não estava presente a chamada gente dos toiros (cavaleiros, ganadeiros, críticos, bandarilheiros e os chamados aficionados de solera). Mais triste fiquei, quando regressado à minha casa tive a oportunidade de ir buscar alguns velhinhos Burladeros, A Festa, Flama e outras publicações da época, onde alguns dos cavaleiros de hoje faziam os mais rasgados elogios ao Batista, consideravam-no seu ídolo e fonte inspiradora, mais alguns até o tratavam por Tita, designação apenas acessível aos familiares e amigos. Mas a vida é mesmo assim, a ingratidão, o desrespeito, a ignorância e a arrogância tomaram conta da nossa Festa e mais cedo do que aquilo que se julga iremos pagar a factura desses mesmos gestos.
Quero aqui expressar o reconhecimento do notável trabalho da comissão que apenas em 4 meses ergueu a obra com João Patinhas “à cabeça” que mais uma vez com a sua honestidade, decisão e frontalidade, e em conjunto com o Presidente da Junta de Freguesia de S. Marcos do Campo e da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, ergueram a estátua e organizaram uma corrida de touros que assinalou o evento.
O meu grande apreço pela presença além da viúva e do irmão de Mestre Batista, de António Garçoa (seu peão de prega de confiança), José Ferreira Paulo Quintino Paulo, Agostinho Borges, Manuel Peralta Godinho e mais um ou outro cujo o nome não me vem à memória.

Sem comentários:

Enviar um comentário